EURO 2012 (XXX) - Ponto final!
Este é o ponto final nesta série, um dia depois de ter caído o pano sobre o mais bem jogado campeonato da Europa!
Na véspera do pontapé inicial fizera aqui eco da desconfiança com que se olhava para a participação da selecção nacional e apontava as selecções que iriam marcar este europeu. As favoritas, como é costume vaticinar-se nessas circunstâncias: Alemanha e Holanda, na primeira linha, logo seguidas da Espanha – que considerava enfraquecida pelas ausências de Puyol e David Villa e por achar que as principais selecções não iriam chegar à Polónia e à Ucrânia sem antídoto para o tiki-taka – da França e da Itália e, por último, pela Rússia, que acabara de dar um banho de bola à Itália.
Destas seis apenas a Holanda e a Rússia se ficaram pela fase inicial. A Rússia por algum deslumbramento e pelo já tradicional défice competitivo. A Holanda, mais que pela guerra de estrelas e que pelo défice de liderança na gestão de egos, pelos efeitos traumáticos da injustiça na derrota no jogo inicial com a Dinamarca, do calendário e da história. Perder com a Dinamarca, olhar para o calendário e ver lá a Alemanha, não ajudava nada. Voltar a olhar para o calendário e ver Portugal era, mais que ver um adversário, ver uma história de eliminações. Só com derrotas no torneio – apenas a Irlanda assinalou presença tão negativa - foi a grande decepção!
Das restantes quatro apenas a França não chegou às meias-finais. E foi também decepcionante. Não apenas por não ter atingido a fase mais nobre da prova – só lá poderiam chegar quatro – mas pela desilusão do seu futebol e das suas estrelas, também elas com egos difíceis de gerir. Não esteve ao nível da vergonha do último mundial, mas também dela não se redimiu, a deixar perceber que não serão fáceis os próximos tempos dos bleus. Que a Babilónia de que o futebol francês se alimentou nos últimos trinta anos de sucesso poderá estar a começar a tornar-se num problema!
Decorre daqui que Portugal foi a grande e boa surpresa! E teria podido surpreender ainda mais se a tanto ajudassem o engenho e a arte, mas também a sorte e a ambição. Fica, para além da classificação – não percebo por que é, como sucede no campeonato do mundo, o campeonato da Europa não haverá de apurar o terceiro classificado -, o registo do único adversário a quem o campeão não conseguiu ganhar nem marcar. Do único que verdadeiramente assustou a selecção de Del Bosque… E do único dos restantes três semi-finalistas que resistiu ao seu lado lunar!
Que assombrou a Alemanha no jogo com a Itália que, por sua vez, veria esse dark size no jogo da final. Os alemães apresentaram uma grande equipa, a mais jovem da prova e, por isso, de largo futuro e de muitas glórias. Eram os principais favoritos e ainda hoje penso que, sem os equívocos de Low, seria bem capaz de destronar a Espanha.
Mas também pensava isso da excitante squadra azurra e foi o que se viu. Mas com bastante azar! A Itália foi ontem uma equipa infeliz: sofreu um golo quando ainda nada o justificava, ficou sem um dos principais defesas - Chiellini - logo no início do jogo, viu Pirlo praticamente anulado e, por nova lesão, ficou reduzida a dez na última meia hora. Fica a revolução que Prandelli encetou na selecção italiana. Que não tem a juventude da alemã, mas das revoluções há sempre algumas coisas que ficam!
Da campeã Espanha que mais se pode dizer? Dizer que é um justo campeão e que é uma geração de jogadores que ficará na história do futebol pode ser pouco. Mas é muito!
Dizer que apenas justificou o título em duas horas de futebol – a meia hora do prolongamento com Portugal e a hora e meia da final – é pouco. Mas também é verdade!
Para a UEFA o melhor jogador foi Iniesta e nos 23 melhores inclui três jogadores da selecção nacional: os três do Real Madrid, Pepe, Fábio Coentrão e Cristiano Ronaldo. Iniesta terá ontem tirado o pão da boca a Pirlo, o único jogador por três vezes distinguido como o melhor em campo e, apesar do eclipse no jogo da final, o que mais intensamente e durante mais tempo brilhou.
A revelação da prova foi Jordi Alba, o lateral esquerdo dos campeões europeus que, com as exibições dos dois últimos jogos, superou claramente Fábio Coentrão, até aí o melhor naquela posição. Vai direitinho para o Barcelona, onde assentará que nem uma luva!
A seguir viria Selassie, o lateral direito da selecção checa, que não conhecia e que me encheu as medidas.
Os máximos goleadores da prova ficaram-se pelos três golos. Foram vários, entre os quais Cristiano Ronaldo. Coube a Torres esse prémio por na, súmula dos critérios de desempate – assistências e tempo jogado – ter sido o que precisou de menos tempo para essa cifra.
Como é habitual nestas ocasiões multiplicam-se os melhores onzes. Também aqui fica o meu, com um sistema discutível (tentei arrumar os jogadores de que mais gostei) mas, com estes jogadores, e especialmente com estes laterais, seguramente eficaz.
Casillas |
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Selassie |
Pepe |
S. Ramos |
Jordi Alba |
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Khedira Pirlo |
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Moutinho |
Iniesta |
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Modric |
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Mário Gomez |