Oportunidade única
O Benfica começou e acabou o jogo de Camp Nou - que tinha de ganhar para, sem estar dependente do resultado de Glasgow, continuar na Champions – a desperdiçar oportunidades de golo. Pelo meio, na primeira parte, foi tempo de marcar uma grande superioridade sobre aquele Barcelona que tinha pela frente e de enjeitar mais três ou quatro oportunidades claras e, na segunda, de criar e falhar mais uma oportunidade de golo, de se assustar com a entrada de Messi, de se encolher com a entrada de Piqué, de rebentar fisicamente e de suspirar de alívio com a lesão de Messi.
Quer dizer, o Benfica jogou bem durante toda a primeira parte, durante a qual podia e devia ter matado o jogo, frente a um Barcelona com apenas três ou quatro dos seus principais jogadores e sem nenhuma das suas superlativas vedetas. E percebeu-se que o fez à custa de um enorme esforço físico, que viria a pagar na segunda parte, quando teve de partir para o assalto final - nos últimos nove ou dez minutos em que o Barcelona, pela lesão de Messi, jogava com dez – já sem pólvora.
Jorge Jesus, no seu jeito sem jeito nenhum, perguntava ao entrevistador no final da partida se ele tinha visto alguma equipa jogar em Barcelona como o Benfica acabara de fazer. Não lhe respondeu, mas a resposta é claramente não. Mas também ninguém viu qualquer outra equipa jogar contra aquela equipa do Barcelona, que confirmou o que toda a gente já sabia: que são os melhores jogadores que convocam o melhor futebol. O soberbo futebol do Barcelona só o é quando executado pelos jogadores soberbos que constituem a sua equipa principal de futebol, onde não surgem corpos estranhos. Quando assim não é, o passe e a recepção já não são a mesma coisa, e a bola olha para aquelas camisolas e acha estranho!
Para nós, benfiquistas, este foi um jogo atípico e talvez único. Partíamos com a convicção clara de que só um milagre nos poderia garantir a continuidade na maior prova do futebol mundial. Começou o jogo e ficamos à espera do golo que se anunciava repetidamente. Esperamos até desesperar. Por momentos passamos a admitir que ele acabaria por surgir mas na baliza errada, e que nem o empate de Glasgow nos valeria. Por fim, desfeito – através de um penalti muito estranho - o empate em favor dos escoceses que fazia a vontade a Messi, quando era preciso um último fôlego para tentar fazer em poucos minutos o que não fora feito numa hora, percebemos que a equipa, mesmo querendo, já não podia…
Mas lá que foi uma oportunidade única e irrepetível de ganhar em Camp Nou, lá isso foi… E que foi o Benfica que, este ano, se afastou a si próprio da Champions, lá isso foi. E não foi apenas por este jogo de hoje…
Mas pronto: que venha então a Liga Europa. Há quem diga que é para ganhar! E por que não?