Dizendo mais qualquer coisa...
Disse aqui no passado domingo que Vítor Pereira, o treinador do Porto, não tinha estado à altura do clássico. Que não era digno daquele jogo e daqueles jogadores, concluindo com um “mais não digo”.
Mais não disse. Mas mais qualquer coisa direi agora. Porque o cavalheiro vem agora lamentar o tom, mas sem uma única vez manifestar arrependimento ou apresentar desculpas.
Claro que não esperava que o fizesse. As desculpas que apresentou sobre os impropérios que o ano passado proferiu sobre o treinador do Benfica surgiram apenas na tranquilidade do defeso e são, mesmo assim, excepção. O treinador do Porto diz o que disse e no tom em que o fez porque sabe que são essas as regras da casa. Porque sabe que é essa a regra número 1 do manual da casa: sempre que se não ganhar, atacar. Atacar tudo e todos, com a maior brutalidade possível, porque isso rende!
É por isso que num discurso como este não pode haver arrependimento nem pedido de desculpas. Nem humildade, nem fair play!
É por isso que os burros é que falam de arbitragem. Normalmente, quando eles ganham. Porque quando não ganham deixa de ser assim!
É por isso que ele justifica aquele seu comportamento intolerável com a defesa da equipa.
É por isso que se apresentou revoltado com o resultado, quando acabava precisamente de o defender com unhas e dentes. Como nas substituições que acabara de fazer que, quer na forma (Lucho, antes de abandonar o campo, despediu-se de todos os colegas de equipa como se fosse partir para uma longa viagem) quer no conteúdo (sempre opções mais defensivas), mostraram que, com a equipa sem pernas para mais, estava apenas concentrado na defesa daquele resultado.
É por isso que nunca são erradas as decisões da arbitragem de que sai beneficiado. Que não merece reparo que o árbitro tenha feito vista grossa às faltas sucessivas de Moutinho, parte das quais sem qualquer preocupação com a disputa da bola, – a apregoada superioridade do meio campo que manietou a fase de construção do Benfica foi maioritariamente conseguida à custa de faltas sucessivas do Moutinho e de entradas assustadoras do Fernando – adiando sucessivamente o cartão amarelo que colocaria ponto final naquela conduta anti-desportiva.
É por isso há uma entrada violenta do Maxi e nenhuma, nem maldosa nem violenta, do Fernando e do Manguela. Que o Maxi Pereira não pode acabar jogo nenhum e que o Mangala e o Otamendi só não tenham direito a medalha no 10 de Junho porque não são portugueses. Que a arbitragem erra nuns foras de jogo e não noutros. Que o Cardozo joga vólei mas todos os seus defesas estão autorizados a jogar a bola com a mão...