Mais que um derbi
Não fosse o espectacular segundo golo do jogo e a fantástica jogada que o pariu, e poderíamos estar agora a dizer que o Benfica teria feito hoje frente ao Sporting um dos piores jogos da época. Como essa jogada - e esse golo - valem por todo um jogo, não se poderá dizer isso, e teremos apenas de falar de um jogo bem ganho e fortemente determinado pela evolução do marcador!
Exactamente assim: com um golo no último quarto de hora da primeira parte e outro – esse tal fantástico, nascido da magia de Gaitan e da arte de Lima – à entrada do último do jogo, o Benfica geriu o jogo a partir do resultado.
O Sporting chegou a este jogo numa situação inédita na centena de derbis já disputados: a uma distância do seu maior – diria que único – rival nunca vista. Em pontos, com menos de metade dos pontos do Benfica, em golos, e em qualidade de jogo. Mas com um élan especial: uma onda de motivação lançada a partir do banco pelo novo e populista presidente e por uma sequência, inédita nesta época, de três vitórias consecutivas e de quatro jogos sem derrotas, construída a partir de golos no último minuto do tempo de compensação. Com alguma expectativa e muita ilusão, ao que se foi ouvindo ao longo da semana!
Foi, por isso e pela forma como o Benfica abordou e ganhou o jogo, difícil ao Sporting – e ao Porto, como certamente se irá ver - digerir esta derrota. E fácil transformá-la numa vitória moral: “o Sporting foi melhor”, dizem. E o árbitro deixou por marcar tantos penaltis a seu favor quantos cada um quer… Para Jesualdo Ferreira, um. Para outros dois, ou mesmo três. Para os portistas - aí está, isto era mais que um derbi - a coisa não se faz por menos de quatro penaltis. E duas expulsões!
Não importa nada que o Sporting não tenha construído uma única oportunidade de golo…