O Sporting apresentou Jesualdo Ferreira: o novo treinador, apresentado como manager!
No meio de tanta incongruência dificilmente poderia ser apresentado como outra coisa, mas é do novo treinador que se trata.
Apesar da excitação não passa de mais um novo treinador e de mais um coelho que Godinho Lopes tira da cartola… Certamente o último!
Os mais crentes – sim, o clubismo é mais que uma religião – acham que Jesualdo é Jesus, o Messias, por que há tanto suspiram. E deixam-se invadir por uma onda de excitação que os ventos que correm em Alvalade, paradoxalmente, até podem justificar.
Não me agrada nada o papel de desmancha-prazeres. Mas não posso deixar de avivar a memória dos mais entusiasmados, referindo que Jesualdo teve sucesso no Porto, onde chegou em circunstâncias invulgares, se bem estamos lembrados. Neste Porto das últimas duas décadas onde, como há muitos anos Mário Wilson (já não há gente desta humildade) disse do Benfica, qualquer um se arrisca a ser campeão. Ali, não importa agora como nem porquê, todos os treinadores são bem sucedidos. Até o Vítor Pereira!
Antes, fora um desastre no Benfica – o treinador das duas piores classificações: o sexto lugar que nos envergonha, de 2000-2001, ano do título do Boavista, e o quarto da época seguinte, no último título do Sporting – e, no Braga, um dos treinadores de menor performance da nova era de Salvador, onde Jesus, Domingos e Leonardo Jardim se encarregaram de reduzir os seus resultados à simples dimensão de suficiente. Depois … bem, depois foi o desastre no Málaga, onde se não aguentou mais de três meses. Uma equipa que o seu substituto – Manuel Pellegrini – levou à Champions, onde acaba de se apurar em primeiro lugar no seu grupo, sem qualquer derrota, mesmo depois da sangria – o sheik do dinheiro deu à sola - do último Verão. E viu-se grego no Panathinaikos, de onde acabou de ser despedido, para se oferecer ao Sporting, ao mesmo tempo que desenterrava o velho tema dos túneis. Um tema que, para ele, era dois em um: mitigava o seu último inêxito nacional, e com ele todos os que lhe sucederam, e entrava directamente por uma das portas de afronta ao Benfica. Sabendo qualquer uma é a porta 10 A para entrar em Alvalade!
No seu discurso de apresentação começou por exaltar o Sporting como um clube diferente. Exactamente como eles gostam de dizer. E mais ainda de ouvir! E quase ia dizendo que era sportinguista desde pequenino. Vá lá, segurou-se a tempo…
Ouviu-se da boca de um dos portistas residentes num desses múltiplos programas que as televisões dedicam ao confronto clubístico que, no meio da tertúlia azul e branca, alguém terá perguntado ao Jesualdo o que é que ia fazer para o Sporting. E que a sua resposta terá sido: “pagam-me; enquanto me pagarem estou lá”…
Confesso que a última coisa que me apetecia agora era atirar com água gelada para cima dos sportinguistas. Juro que não quero mais nada que pôr alguma água na fervura. Que alguma ordem chegue ao circo que Godinho Lopes armou ali à entrada do Lumiar!
Mas desconfio que o tipo que está ligado à pior classificação de sempre do Benfica (e à pior do Porto neste século, a par de Octávio, também de boa memória em Alvalade) não deixará de fazer menos no Sporting…