O Pescoço no Cepo
Paulo Fonseca não tem dado provas de uma liderança forte, convicta, nem grande capacidade de escolha do melhor onze à cabeça para cada um dos jogos. É mais um reactivo que um estratego. A equipa que alinha inicialmente adormece inicialmente: a primeira parte contra o Áustria foi um recital pantanoso e pastoso de anti-futebol. Um adepto cansa-se ao ver as inconsequências finalizadoras de Licá, as perdas de bola frequentes, e a desorientação de Josué, quando desposicionado do seu lugar natural.
Sinto, por isso, que o meu FC Porto ainda não saiu das experiências e saiu ainda menos da pré-época. Culpas? Paulo Fonseca. O potencial humano e profissional do Paulo não deu o click por estar no FC Porto: um click de loucura, um click de ruptura, um click de coragem. Enquanto se mantiver na liderança da Liga e com hipóteses nas Taças, menos mal, mais lenço branco, menos lenço branco.
Mas a massa adepta aguarda por qualidade e ousadia: mais Quintero, mais Kelvin, mais desequilíbrios e magia. Menos fífias e problemas identitários na defesa. As nossas defesas, historicamente, são blocos inamovíveis e com uma regularidade e uma virgindade formidáveis. Nem isso temos conservado.
Paulo, o teu pescoço está no cepo da nossa impaciência. A qualificação para os oitavos na Liga dos Campeões teria necessitado um golpe de asa que não tiveste. Ganhar ao Nacional teria sido uma questão de menos palavras e mais capacidade de surpreender cedo o adversário. Em vez disso, mais um jogo com o coração nas mãos. A imaturidade e nervosismo da equipa na gestão dos jogos é um problema emanado por ti.
Habitua-te a ser ganhador. Ganharás. Convicção, sobretudo.