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12
Nov13

O paradoxo do downsizing no reino do leão

Eduardo Louro

O Sporting, com o presidente Bruno de Carvalho à cabeça e com os recursos que lhe advém da condição de membro do triunvirato dos grandes, lançou uma campanha a que dificilmente posso deixar de chamar terrorista. Reclamar de decisões da arbitragem em que se sente prejudicado, sem qualquer tipo de distinção entre eles, metendo tudo no mesmo saco, é uma coisa. Eliminar, riscar ou omitir outras tantas em que foi beneficiado, é outra. Juntar esta berraria ao silêncio dos jogos a fio em que beneficiaram de penaltis e de sucessivos golos em fora de jogo, de que o jogo com o Benfica em Alvalade é apenas um exemplo, é ainda outra. Todas juntas são qualquer coisa muito perto de um terrorismo inaceitável que, como já pôde comprovar, também alguns sportinguistas repudiam.

A manipulação e a distorção da realidade, o espalhafato, a gritaria e os berros não são, ao contrário do que alguns possam julgar, sinónimo de liderança. São frágeis as lideranças que não encontram outras formas de se afirmar. Mas sabemos que povo da bola é, nesta matéria, pouco exigente, e facilmente embarca neste tipo de liderança bacoca e populista, do tipo agora é que eles vão ver de que massa somos feitos.

Não sei se Bruno de Carvalho é outro Vale e Azevedo. São muitos os traços em comum, tantos quantas as diferenças nas circunstâncias, pelo que diferentes poderão ser também os pontos de chegada.

Encetou no Sporting um processo meritório, que o mundo da bola generalizadamente aplaudiu. Toda a gente, e não só os simpatizantes do Sporting, apreciou a forma como o futebol do Sporting se virou para a sua academia, construindo a sua equipa de futebol na base dos seus jovens em formação, em detrimento das contratações que não estava mais em condições de prosseguir (as que apesar de tudo insistiu em fazer, correram mal). Toda a gente apreciou o processo de emagrecimento que instalou no Sporting, bem embrulhado num falso – mas eficazmente popular – afrontamento à banca. Era o exemplo para o futebol em Portugal, era este o caminho a seguir, mais cedo ou mais tarde todos os clubes aí terão de chegar, disse-se por todo o lado...

O problema – percebe-se agora – é que Bruno de Carvalho é o caso típico do actor que não joga com a personagem. E, porque assim é, criou aquilo a que chamaria o paradoxo do downsizing!

Bruno de Carvalho não tem uma estratégia de downsizing desenhada para salvar e recuperar o Sporting. Não está a dar dois passos atrás para depois dar um em frente (dar apenas um atrás na expectativa de, depois, dois em frente já não é coisa que se aplique ao futebol em Portugal). Esta não é a estratégia de qualquer adepto, e este presidente do Sporting quer fazer-se passar apenas por adepto. Esta é a estratégia que a banca impôs ao Sporting, que só pode ser levada a cabo por um presidente, nunca por um adepto.

É este o paradoxo. É por isso, por este paradoxo, que todos, no Sporting de Bruno de Carvalho, se acham capazes de ganhar tudo, deixando o treinador a falar sozinho. É por isso que, quando naturalmente não ganham, têm que criar factos atrás dos quais se possam esconder. É por isso que inventam fantasmas para tudo. Até para alianças… É por isso que vai correr mal!

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