Fantasmas e maldições
O Benfica regressou hoje às exibições que têm sido regra esta época, regredindo claramente em relação ao jogo de Atenas e ficando muito aquém do último jogo, com o Sporting, para a Taça.
É inadmissível que, com um treinador que já vai na quinta época, e mais uma série de novos em cima dos mesmos jogadores da época passada, o objectivo seja atingir o nível exibicional da última época. E não é inadmissível apenas por esse tal nível não ter chegado para ganhar nada, é porque, à quinta época e com mais – muito mais – meios ao treinador tem que se exigir ir além do que já foi. Ficar no mesmo sítio não faz sentido, ficar aquém – e tão aquém, como é o caso – é simplesmente absurdo!
Ganhou – e aproveitou do empate do Porto – porque, ao contrário da equipa, o Matic já está ao nível da época passada, mas não mereceu ganhar. Nunca conseguiu superiorizar-se claramente a um Braga que, ao contrário do que se diz, não vinha de quatro derrotas consecutivas - porque houve uma interrupção nas competições e porque no último jogo, para a Taça, ganhara em Olhão -, mas não está propriamente em alta. E nem se pode dizer que tenha apresentado na Luz uma estratégia do arco-da-velha. Fez aquilo, mas em bem feito, que faz grande parte das equipas quando jogam com o Benfica - bloco baixo, linhas juntas, espaços tapados e transições rápidas - cujo antídoto, como se sabe, passa por uma mistura de mobilidade, velocidade, intensidade, qualidade de passe e de desmarcação. Que faltou claramente ao Benfica, porque parece que há jogadores que sabem mas não querem, outros que querem mas não sabem e ainda outros que querem mas não podem!
E porque há até jogadores que o não são. Desapareceram e deles restam apenas os seus fantasmas. O Rodrigo teve o seu Alcácer Quibir há dois anos atrás, em S. Petersburgo, às mãos – mãos, pés, joelhos… - do Bruno Alves, e não há manhã de nevoeiro que o devolva. O Lima foi César quando chegou o ano passado à Luz: chegou, viu e venceu, tornou-se na sensação da época e marcou (na Liga) mais golos que o Cardozo, dando muitas mais soluções à equipa. Desapareceu no final da época, foi de férias e não mais regressou...
E porque há as lesões. Não há um único jogo sem que jogadores se lesionem. No último foi Rúben Amorim, que estava a parecer ser a chave de alguns problemas; hoje foi Siqueira, que estava a ser um problema, confirmando que a coisa não se fica apenas por fantasmas. Há ainda maldições, e a maldição do defesa esquerdo continua aí.
Tão penoso quanto ver hoje o Lima e o Rodrigo é o discurso de Paulo Fonseca. Agora até de medicina põem o homem a falar… É por isso que não diz coisa com coisa (essa do Nacional ser a besta negra do Porto é digna de compêndio), que a maldição aperta (não há maior maldição que aquela asaobiadela final), e que já há fantasmas à solta. O que logo em Setembro era um tetra dado por adquirido já só vale um pontinho. Não vai correr bem, não vai não!