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12
Mai12

FUTEBOLÊS#126 VERDADE DESPORTIVA*

Eduardo Louro


 

 

Verdade desportiva é seguramente o jargão do futebolês mais utilizado nos tempos que correm. Particularmente neste final de época!

verdade desportiva é como qualquer outra verdade. É verdade que esta verdade anda à volta uma ideia mítica de correspondência entre o desempenho puro – bacteriologicamente puro – e o resultado produzido. Mas não deixa de ser verdade que cada um tem a sua verdade!

Verdadeiramente complicado!

A verdadeira fórmula de iludir a verdade desportiva é criar várias verdades desportivas. Se cada um tem a sua veja-se bem quantas podem existir, e de como é fácil iludir a verdadeira verdade desportiva. Que nem se chega a saber qual é!

Para baralhar mais isto há ainda quem, mesmo tendo a sua verdade desportiva, trate de arranjar mais umas quantas mentiras desportivas que, claro, vai apresentar como mais umas quantas verdades desportivas. Não há verdade desportiva que resista...

Mas como se isto não bastasse há ainda verdade desportiva produzida em laboratório. Não, não é essa, a bacteriologicamente pura. É a que é produzida nos programas desportivos das televisões onde, mesmo sem bata branca, estão aqueles cientistas que representam cada uma das três marcas que dominam o mercado.

Conseguem autênticos milagres, que só os não são porque, como se sabe, a ciência – de que são os mais ilustres representantes – não tem, nem quer ter, nada a ver com milagres.

Num desses programas, um deles, anda desde a terceira jornada do campeonato a dizer que, na sua verdade desportiva, o seu Sporting tinha mais dez pontos. Não é milagre mas está lá perto: ainda só estavam disputados nove pontos e já se declarava injustiçado em dez!

Para que o programa mantenha algum equilíbrio e não desate a inflacionar o mercado  de verdades desportivas, mesmo ao lado, está outro que não se mete nessas coisas. Acha mais apropriado conviver com a verdade desportiva oficial, de preferência à mesa de um ex-líbris da boa mesa da capital!

Por outro desses programas passa um outro que também se esforçou ao longo de todo o ano por criar uma verdade desportiva. Nessa, o seu rival foi escandalosamente beneficiado em dez jogos e, eventualmente, ligeiramente prejudicado em três. Já o seu próprio clube, esse, foi sempre prejudicado, mas não é razão para se queixar…

Pois é, a verdade desportiva é uma treta. Essa é que é a verdade que afinal eles perseguem…

Mas nem por isso deixará de ser verdade que há verdades que são mentiras enormes. E essas são como o algodão: não enganam!

Validar um golo irregular nos últimos momentos de um jogo decisivo, ou transformar uma agressão a um avançado dentro da área numa falta desse mesmo atacante, num daqueles jogos em que se percebe que a bola não quer entrar. Levantar os braços e mandar seguir a dança quando o defesa abalroa – uma vez, duas vezes – o avançado contrário dentro da área, na parte final de um jogo que carimba o título. Encontrar sempre um penalti que em tempo útil desbloqueie um jogo que começa a complicar-se ou assinalar o penalti que convém quando a bola toca no ombro de um jogador que, de costas e em movimento rotativo, salta à entrada da área, e já não o assinalar quando outro deliberadamente – porque sabe que está protegido – a corta no interior da sua área. Expulsar um jogador que, depois de lhe ser assinalada um falta, deitado no chão, bate com a mão na relva, mas não expulsar outro que, a um metro da baliza, derruba por trás o adversário e o impede de fazer golo. Ou mesmo incompreensíveis quebras sucessivas de energia no estádio, para provocar idênticas sucessivas quebras de ritmo de jogo, são apenas alguns sacos dos cheios de pedacinhos de algodão…

E, já agora, será que também haverá verdade desportiva na atribuição do título de melhor marcador? Sendo, para além da definição de quem a acompanha a desgraçada União de Leiria na viagem para a Segunda Liga, a única decisão guardada para a última jornada, será que faz sentido que o Sporting - Braga seja jogado duas horas depois dos restantes jogos?

É que, se o Cardozo não tiver marcado em Setúbal, nem o Hulk feito três golos em Vila do Conde, ao Braga bastará deixar o Lima no banco para que seja ele o vencedor desse troféu!

 

* Rubrica semanal do Quinta Emenda

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