EURO 2012 (VII) - O Euro a duas velocidades*
Com os jogos do grupo D concluiu-se hoje a primeira ronda desta fase de grupos do Euro.
Um clássico a abrir: França – Inglaterra!
Um jogo sempre de expectativa alta, mas que saíram completamente frustradas. Uma selecção inglesa desfalcada que, ao que pareceu, não tem mais para dar… Deu pouco - muito pouco – mas, lá diz o povo: quem dá o que tem a mais não é obrigado! Les bleus – que têm muito mais para dar – apesar de superiores aos ingleses, é que ficaram a dever muito!
As estrelas da selecção francesa não brilharam, à excepção de Nasri mas, mesmo assim, apenas na primeira parte, que não foi só o tempo dos golos, foi também a parte melhor – menos má – do jogo. Pouco Bemzema e pouco Ribery. E nada, absolutamente nada, de Malouda, um jogador que não tem como justificar a sua presença no onze. Tem duas velocidades: parado e passo lento. Se a bola lhe passar a um palmo do pé já não é para ele!
Foi mesmo daqueles jogos típicos desta fase da prova, mesmo enfadonho e pastoso. Com um ou outro safanão, mas não mais que isso. Onde a Inglaterra cometeu a proeza de, num jogo inteiro, fazer três remates. Que lástima, esta selecção inglesa!
Ouviram-se assobios e muitos, daqueles que os nossos jogadores e o staff da nossa selecção não gostam. Justificados, porque aquilo não prestava mesmo!
O resultado foi o de maior frequência nesta primeira ronda:1-1.
No outro jogo, duas selecções com menos responsabilidade - a da casa, a Ucrânia, e a Suécia – ofereceram outro espectáculo, de outro nível. Um jogo de grande intensidade, sempre em alto ritmo, quase que apetece dizer sempre em excesso de velocidade. Claramente um euro a duas velocidades. Que diferença!
Quando se presencia um jogo desta intensidade é costume dizer-se que é impossível manter aquele ritmo durante muito tempo. Até isso este jogo contrariou! Se a primeira parte foi intensa, a segunda parte não o foi menos. E deu os golos!
Começou a Ucrânia por impor esse ritmo alto, logo no início. A Suécia ainda tentou pôr água na fervura, baixando-o. Mas logo acabou por aderir àquele ritmo maluco e associar-se sem reservas à festa.
Foi um daqueles jogos em que se está sempre à espera do golo. Apareceram três, em apenas dez minutos (dos 51 aos 61 minutos) e ficamos até ao fim à espera de mais. Não foi por falta de oportunidades que não surgiram! Foi também um daqueles jogos que, mais que ninguém merecer perder, ambos mereciam ganhar. O que, como se sabe, não é possível!
Ganhou (2-1) a equipa da casa - apoiada por um público incansável - a equipa de Blokhin, um extraordinário jogador da selecção soviética e daquele fantástico Dínamo de Kiev de meados da década de 70, e a equipa de Shevchenco que, aos 36 anos e no fim de uma época em que, fustigado por lesões, quase não jogou, surgiu a altíssimo nível, fazendo os dois golos que fizeram a cambalhota do marcador. À ponta de lança, como se diz. Mas de grande categoria!
Schevchenco foi por isso o homem do jogo. Mas a Ucrânia tem muitos outros bons jogadores. Entre outros ficou-me na retina um miúdo com o número 19, Konoplianka, um ala esquerda de grande qualidade!
A Suécia teve até mais oportunidades de golo, abriu mesmo o marcador pela sua figura maior – Ibrahimovic - que teve ainda um remate ao poste e outro, de grande categoria, que saiu à figura do guarda-redes ucraniano. Lutou até ao fim pela vitória, criando ocasiões suficientes para isso e, embora tenha deixado a ideia de ser muito dependente da sua estrela – momentos houve do jogo em que víamos Ibrahomovic no meio campo a organizar jogo -, se continuar a jogar assim, e os burgueses franceses e ingleses a não fazerem mais do que hoje fizeram, as contas do grupo estão por fazer.
Não são favas contadas para Inglaterra e França, como à partida parecia. Nem nada que se pareça!