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21
Jun12

EURO 2012 (XVIII) - Tempo de Balanço

Eduardo Louro

Depois de quase três semanas cheias de jogos, todos os dias, chegou o primeiro dia de abstémia. Seguem-se, agora, mais quatro dias de futebol: um por dia, nos quartos de final!

Tempo, pois, de balanço. Como nas contas semestrais das empresas!

Dos que aqui considerara favoritos no início caíram dois: a Holanda, que considerara favorito de primeira linha, e a Rússia, que considerara de terceira linha. De terceira linha, não pela qualidade dos seus jogadores e do seu futebol, mas precisamente pelos habituais percalços competitivos.

A selecção Russa tinha tudo para, desta vez, fintar o destino e confirmar o excelente euro 2008. Tinha jogadores, tinha futebol e tinha equipa! E tinha vantagens comparativas assinaláveis: uma equipa constituída por jogadores que jogam em clubes do campeonato russo - a excepção Ismailov não é sequer relevante, pelo (pouco) que foi utilizado - mas, mais, com 70% de jogadores de um só clube – o Zénitt de Danny – o que, como se sabe, é fundamental numa selecção: pela coesão e pelos automatismos que lhe empresta. Mas, acima de tudo, tinha a vantagem do seu calendário competitivo. Os seus jogadores estão a meio da época, e não no fim, como os restantes. Muitos deles com 70 jogos de alto desgaste!

Mas, mais: não só entrou a ganhar – e sabe-se como é importante, neste tipo de competições, entrar a ganhar – entrou em grande estilo e a golear. Com tudo, mas tudo mesmo, a favor, falhou. Sem desculpa!

A selecção holandesa foi, contudo, mais decepcionante. A mesma equipa que brilhara há dois anos, no Mundial da África do Sul, com o mesmo treinador, recheada de estrelas e com os melhores marcadores das ligas inglesa e alemã, esteve irreconhecível. Terá ficado marcada pela inesperada e injusta derrota no primeiro jogo, com a Dinamarca, tida pelo adversário menos poderoso. Mas, parece-me agora, que esta derrocada holandesa terá começado a desenhar-se há um mês atrás, quando Roben falhou aquele penalti contra Petr Chech na final da Champions. Pode falar-se de egos, de guerra de estrelas, daquela defesa – realmente fraca – das discutíveis opções do treinador e mesmo daquele primeiro jogo, mas aquilo começou naquela noite de Munique. E só não foi uma saída mais humilhante porque a selecção nacional foi perdulária. Não fora isso e a Holanda ter-se-ia despedido vergada ao peso de uma goleada histórica!

Nas restantes

seis selecções que já fizeram as malas e regressaram a casa não há exactamente surpresas. Nem nas da(s) casa(s), mesmo que a Ucrânia tenha sido aviada da maneira que foi. Mas há mais injustiças e coisas esquisitas!

À Croácia, num grupo onde contavam a Espanha e a Itália, ninguém poderia exigir o apuramento. Mas provou merecê-lo. E deixou uma mancha no percurso da Espanha que, em vez de se apagar, será tanto mais viva quanto mais La Roja se aproxime dos desejos de Platini. Que se espera não sejam uma ordem!

Se o apuramento da Grécia só é surpreendente pela forma como aconteceu – Rússia e Grécia seriam sempre as favoritas do grupo A – já o da República Checa, e com o primeiro lugar, é absolutamente inesperado. Mais ainda depois da imagem que deixou logo no primeiro jogo, goleada pela Rússia. Muito mérito há-de ter tido aquele treinador, que mudou tudo e conseguiu erguer uma equipa que vai tornar a vida muito difícil à selecção nacional.

No grupo B, onde a nossa selecção não era favorita, tudo se resolveu com a desgraça holandesa. E sobre o feito da nossa selecção – a única que nunca falhou os quartos de final, desde que foram introduzidos, em 1996, com a fase final a ser disputada por 16 selecções - já aqui se falou. A Alemanha apurou-se em primeiro lugar com naturalidade, mas - também ela a acentuar a maldição de Platini – a beneficiar de coisas esquisitas. E como as manchas custam a sair… A verdade é que o principal favorito deste europeu interrompeu no último jogo com a Dinamarca o processo ascendente - que lhe é tão habitual, quanto o seu poderio – que se lhe notara no segundo jogo, com a Holanda. E como foi precisamente com a Holanda…

No grupo C, de que se já falou, a Itália confirmou o rótulo de favorito que aqui se havia colado, apesar de Bolotelli, apurando-se sem mácula. Ao contrário da sua acompanhante!

E no grupo D apuraram-se, sem brilho, ingleses e franceses. Os ingleses porque estão longe do brilho – e não é só pela crónica falta de sol pelas suas bandas – é porque lhe faltam artistas, porque Roy Hodgson está a fazer regredir o futebol da selecção inglesa em algumas dezenas de anos e, the last not the least, pela mais suja das manchas da arbitragem . Os franceses, nem sei bem porquê!

Sei que a derrota e a exibição com a Suécia não só tiraram brilho ao apuramento como, acima de tudo, mancham a imagem desta selecção, que também integrava o lote dos favoritos.

Irão ser duas equipas manchadas – se bem que por razões diferentes – aquelas que fecharão os jogos dos quartos de final. Só a França terá oportunidade de limpar a sua. A Espanha, mesmo que ganhe, não o conseguirá ainda!

A Itália não deverá deixar de mandar os ingleses para casa. Se esta selecção inglesa, apesar de Rooney, não tem futebol para estar entre as oito melhores selecções da Europa, como poderá estar entre as quatro?

O confronto – a palavra não é acidental – entre a Alemanha e a Grécia será muito mais que um jogo de futebol. E, quando assim é, nunca sabemos muito bem no que dará. Mas, por muita vontade que tenha, mesmo com uma alma sem fim, a Grécia, apesar de Fernando Santos, terá muito poucas hipóteses. Seriam sempre muito poucas mas, órfã de pai e herói Karagounis, serão ainda menos.

A selecção nacional é favorita perante os checos. Não há volta a dar! O que não quer dizer que não tenha pela frente uma tarefa bem complicada. E muito menos que ganhe!

Para ganhar a selecção de Portugal terá de abandonar alguns dos genes que carrega no seu ADN. Por exemplo: tem que assumir o jogo o mais cedo possível, na perspectiva de marcar cedo para, depois, poder chegar à sua praia. Quer dizer, para que passem a ser os checos a fazer as despesas da partida, deixando os espaços que façam a praia portuguesa.

Se assim não fizer, se Portugal deixar o jogo correr, haverá de chegar a hora em que os checos, cheios de confiança, começam a carregar em sucessivas avalanches, já sem que os nossos jogadores tenham tempo, nem cabeça, para outra coisa que defender. E pontapé para a frente!

É isto que não pode acontecer. Pela minha parte vou gostar de ver como é que a coisa vai correr ali pelo lado direito da defesa checa, onde mora etíope Selassie, um dos laterais direitos de que mais gostei. Vê-lo a correr ao lado de CR7 irá ser um espectáculo de atletismo dentro de um jogo futebol!

 

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