EURO 2012 (XIX) - Somos os primeiros
Somos os primeiros. Os primeiros a entrar às portas das meias-finais!
A selecção nacional até voltou a entrar mal. Entrar mal é um eufemismo, porque esteve mal durante toda a primeira parte, apenas disfarçando nos últimos minutos da primeira parte, quando podia até ter marcado naquele remate ao poste de Cristiano Ronaldo. Que, com mais um na segunda parte, à sua conta, já leva quatro. Esse título já ninguém certamente lhe tira!
A equipa não esteve bem, nem perto disso. Quer colectiva quer individualmente, onde apenas Coentrão e Pepe – sempre ele – estiveram em bom nível, apesar de os minutos finais terem dito que Cristiano Ronaldo não estava ali para passar ao lado do jogo. Mal Raul Meireles e, muito mal, João Pereira. E não foi apenas durante os primeiros vinte minutos, como diria Paulo Bento. É certo que é aos 25 minutos que a equipa nacional constrói a sua primeira jogada de ataque, mas logo a seguir surgem os amarelos a Nani e a Veloso. E a única jogada de perigo da equipa checa, através da também única corrida dos 100 metros de Selassie, o tal lateral direito de que aqui falara.
A
equipa não conseguia ter bola – apesar de, mesmo assim a equipa ter, pela primeira vez, mais posse de bola (53%) que o adversário – nem criar espaços. A selecção checa tapava todos os caminhos, fechava o jogo e, em pressão alta, tornava o campo bem mais curto. Sem espaço, e falhando mesmo os passes curtos, a equipa portuguesa optava pelo passe longo, mais difícil e invariavelmente condenado ao insucesso.
Na segunda parte tudo foi diferente: como da noite para o dia!
A selecção nacional produziu uma das melhores – se não a melhor – das exibições que alguma equipa realizou neste europeu. Logo no primeiro minuto, Hugo Almeida – que entrara aos 39 minutos da primeira parte para o lugar do lesionado Postiga (talvez a lesão mais oportuna, para não dizer mais desejada – porque isso não faria sentido – pelos adeptos) – teve tudo para fazer golo. E pouco depois era Cristiano Ronaldo a acertar - pela segunda vez no jogo e pela quarta em dois jogos – no poste.
As ocasiões de golo sucediam-se a um ritmo inusitado. Anotei-as, mas seria fastidioso enumerá-las, tantas foram! O golo, esse e como sempre, é que tardava. Aos 58 minutos Hugo Almeida introduziu a bola na baliza de Petr Cech – que, não tendo feito uma exibição do outro mundo, à sua conta negou dois ou três golos – mas em fora de jogo. Ficou a ideia que poderia ter tido essa noção e ter deixado a bola para Ronaldo, em boa posição – e legal – para fazer golo. Surgiria finalmente aos 79 minutos, numa cabeça espectacular do melhor do mundo, antecipando-se ao etíope - que de corredor de fundo passou a polícia – para dar a melhor sequência à excelente jogada de João Moutinho.
A selecção checa, completamente dominada nesta segunda parte – apenas fez uma jogada de contra ataque (59 minutos), por Pilar, em bom estilo, batendo João Pereira e Pepe, que morreria nos pés de Veloso, e fez apenas dois remates em todo o jogo, nenhum deles à baliza – não tinha qualquer capacidade de reacção, e foi Portugal que teve ainda mais três oportunidades para colocar o marcador em números mais próximos daquilo que a exibição justificava, para além de um penalti que, aos 87 minutos, o senhor Webb deveria ter assinalado quando o pobre políciaSelassie, depois de mais um nó do seu fugitivo, o empurrou pelas costas dentro da área.
A qualidade da exibição de Portugal mudou, como disse, do dia para a noite. Como mudaram as de todos os jogadores, mas, especialmente, as de Raul Meireles e João Pereira que, mesmo no fim, não se lembrou que Cech estava na área portuguesa, e não foi expedito a colocar a bola á frente de Ronaldo, na linha de meio campo. Mas também a de João Moutinho, que fez uma segunda parte memorável, ao nível do que de melhor se pode ver. Para a UEFA o homem do jogo voltou a ser Cristiano Ronaldo mas, para mim, foi João Moutinho!
Claro que, quando a equipa joga como o fez na segunda metade deste jogo, Ronaldo brilha ainda mais. E, com a equipa a jogar assim e o melhor do mundo a brilhar desta maneira, não sei se, agora, será mais difícil vencer os espanhóis – se lá chegarem – se os desejos do Sr Platini!