O castigo de Luisão
O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol puniu Luisão e o Benfica com dois meses de suspensão por uma atitude de comportamento incorrecto cujo julgamento e sanção cabiam exclusivamente ao árbitro, no jogo. Luisão não agrediu - nem sequer o tentou - o árbitro que, em vez de fazer o que lhe competia e para o que estaria habilitado, optou pelo teatro para o que poderá estar muito vocacionado mas para o que não tem o mínimo jeito. O único insólito daquela ocorrência é a absurda e nunca vista teatralização daquele alemão sem jeito nem para o teatro nem para a arbitragem.
Durante este período de um mês que separou a acontecimento desta sanção não se viu, da parte do Benfica – e refiro-me ao universo Benfica e não apenas à Instituição Benfica - qualquer iniciativa consistente de defender o jogador e de se defender. Conhecida a pesada decisão do Conselho de Disciplina, o Benfica – Instituição – limitou a sua reacção a um comunicado em que apenas diz que não diz nada!
Noutras bandas, ao longo deste mês, opinadores e comentadores teriam enchido os espaços que ocupam com o objectivo único de criar um movimento de pressão que levasse à ilibação do jogador. Noutras bandas, a tese com que abri o texto – passe a imodéstia – teria sido desenvolvida até à exaustão em tudo o que é espaço mediático. No Benfica, não!
Todos os comentadores benfiquistas deram por certa a punição do jogador, atrevendo-se mesmo alguns deles a dar palpites bem severos sobre a pena.
Percebe-se agora o timing e a natureza da pena aplicada a Jorge Jesus. Como se percebe que tenha surgido uma semana antes: eles até gostam de ver o Jesus no banco, o que lhes interessava mesmo era Luisão. Tudo o que era estranho no castigo aplicado ao treinador deixou de o ser: importante era abrir espaço para a pressão. E foi o que se viu: com os benfiquistas quedos e mudos, das outras bandas foi “um ver se te avias” de pressão!
De tal forma que um castigo pesadíssimo, injustificado e altamente penalizador para o Benfica e para o seu capitão – serão doze jogos – acaba por parecer normal. Mesmo para o Benfica, ao que parece!