O Benfica (também o Braga) está apurado para os oitavos de final da Taça, depois de eliminar o Moreirense – que eliminara o Sporting na última ronda – em Moreira de Cónegos. Ganhou o jogo por dois a zero, com o segundo – belíssima jogada iniciada em Ola John, abrilhantada por Gaitan e concluída por Cardozo – a coincidir com o último lance do jogo, depois de 60 minutos em muito bom nível, com domínio completo e avassalador do jogo.
No entanto, tal como no passado domingo em Vila do Conde, há um mas!
Sabemos que, em tudo, são as últimas imagens que prevalecem. O Benfica está a permitir que as últimas imagens de cada jogo apaguem o que de bom faz durante a maior parte do jogo, deixando em muitos a ideia – errada – de que os jogos são uma coisa diferente do que na realidade são. No último jogo do campeonato, com o Rio Ave, acabou por passar a ideia - errada, repito - que o resultado justo seria outro que não a vitória do Benfica. Apenas porque os últimos 10 minutos foram penosos!
Em Moreira de Cónegos correu-se o mesmo risco, apenas atenuado com o segundo golo e com o apagão – está a tornar-se um clássico das deslocações do Benfica ao Minho – que interrompeu o jogo por mais de meia hora.
Começa a ser preocupante a facilidade com que o Benfica perde o controlo dos jogos quando os adversários chegam ao último quarto de hora com um resultado desconfortável mas em aberto. Parece que equipa apenas consegue dominar e controlar os jogos em regime de ataque continuado e permanente, quando a sua proactividade atacante se casa com a passividade defensiva do adversário, agarrado a um resultado confortável. Logo queo resultado se torna desconfortável o adversário reage e a equipa treme: os passes que até aí saíam certinhos passam a ser falhados; as recepções que se não falhavam em pressão ofensiva passam a falhar-se, com ou sem pressão, em qualquer zona do campo; os adversários passam a chegar primeiro a todas as bolas e a ganhar todos os ressaltos...
A equipa – e os adeptos - não merecem passar por isto. Está a praticar um futebol de boa qualidade, ainda não chegou ao brilhantismo atingido nas épocas anteriores – nos momentos em que tudo corria bem – mas parece consolidar as alterações forçadas, reagir bem à adversidade de uma série de lesões e até já tem o capitão de volta. É um problema a resolver rapidamente: antes que dê maus resultados!
Mas deste jogo fica também a incrível actuação de Duarte Gomes: dois penaltis por assinalar (um do guarda-redes sobre o Lima e outro sobre o Luisinho), uma falta em cima da linha de grande área sobre o Bruno César transformada em cartão amarelo para o jogador do Benfica, mão leve para amarelos para os jogadores de encarnado (ridículo o amarelo a Matic) enquanto os do Moreirense, mesmo cortando sucessivamente em falta jogadas de ataque, passavam sem punição disciplinar.
Se nos lembrarmos que isto não é novidade, nem exclusivo de Duarte Gomes, e que os quatro pontos perdidos no campeonato, que impedem o pleno e a liderança isolada, resultam do golo anulado a Cardozo na primeira jornada, com o Braga – que, curiosamente, não perde com o Benfica porque o árbitro anulou um golo limpo, mas perde com o Sporting pela mesmíssima razão – e dos dois penaltis inventados em Coimbra, começa a haver sérias razões para preocupação. Não sei se mesmo maior que a dos últimos minutos destes últimos jogos!