O dia de Portugal é amanhã! Todos o sabíamos. E no entanto poderia ter sido hoje…
A selecção nacional deu uma cabazada de quase golos à favorita Alemanha. Na primeira parte, mais que um jogo típico das fases iniciais deste tipo de competições – em que as equipas jogam para não perder -, foi um jogo em que a selecção nacional pareceu sempre desconfiada. Falhando sucessivamente passes, os passes que lhe permitiriam construir jogo. Foi, assim, uma equipa com pouca bola. Sem bola e sem confiança!
Mesmo a terminar a primeira parte surgiu o primeiro quase golo, com o bom remate de Pepe à barra, donde a bola ressaltou para cima da linha de golo. Mas não a atravessou!
Chegou-se assim ao intervalo com Portugal a ganhar por um quase golo a zero. Poderia pensar-se que isto fosse suficiente para trazer à selecção nacional a indispensável confiança que lhe permitisse assentar as ideias e o jogo. E emergir os dois melhores alas do mundo.
Não foi isso que se viu logo no arranque da segunda parte, mas foi isso que se passou a ver à medida que o tempo ia passando.
Só que, aos 72 minutos, um alemão de nome espanhol marcou para a equipa da Srª Merkel. Já então o resultado em quase golos se ia desnivelando a favor da selecção nacional, mas foi a partir daí que passamos a mandar claramente no jogo e nos alemães. E como nos soube bem mandar nos alemães!
Sucederam-se os quase golos - ainda com um quase cruzamento de Nani a acabar em nova bola na barra e em novo quase golo – e, no fim, quase goleamos por cinco a um. Não estiveram lá os dois melhores alas do mundo, mas esteve lá uma boa equipa, organizada, concentrada e com jogadores que não tinham razão nenhuma para ter medo dos alemães.
Quase golear a Alemanha não nos vale de nada. Como de nada nos vale qualquer vitória moral. O que pode valer alguma coisa é perceber que, se a equipa conseguir jogar como fez na segunda parte, mas especialmente como fez nos últimos vinte minutos, o apuramento para os quartos de final é possível. Se não, se voltarmos a entrar desconfiados, a especular em vez de jogar, como tantas vezes gostamos de fazer, e a achar que estão todos de parabéns, podem começar a fazer as malas!
Individualmente nem há grandes exibições a assinalar nem réus a crucificar. Mas Fábio Coentrão tem de ser destacado. Também Pepe, que se não merecia aquela traição da barra, menos mereceu ainda que o golo de Mário Gomez fosse feito nas suas barbas. Os dois mais discutíveis do onze – Miguel Veloso e Hélder Postiga – com responsabilidades diferentes, tiveram desempenhos também diferentes. Enquanto Veloso esteve bem, sem deixar razões para aparecer por aí o fantasma do trinco, Hélder Postiga esteve igual a si próprio, como é costume dizer-se. Só não é um jogador a menos porque corre para um lado e para o outro por aquela frente de ataque, e vai dando, ora aqui ora ali, umas cacetadas; mas não estou certo que seja isso que se lhe deva pedir para o jogo. O argumento que é um jogador que joga bem de costas para a baliza e que segura bem a bola é cada vez mais difícil de entender. O miúdo Nelson Oliveira mostrou, em poucos minutos, a conhecida inutilidade de Postiga
Para seguir em frente é preciso fazer como em 2004. Ganhar os dois jogos que faltam. Vamos a isso!
A vaca alemã que substitui o defunto polvo Paul não se enganou. Esqueceram-se de lhe explicar que o que conta são golos, não são quase golos!
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