Aí está a final improvável. A pedra na engrenagem!
E, no apuramento do Bayern para a final, nem sequer entra aquela coisa estranha a que se convencionou chamar sorte. A sorte que acompanhou o adversário - que receberá no seu estádio - da final ao longo de toda a prova. Basta lembrar que, quando perdeu em Nápoles por 3 a 1, ainda com Vilas Boas, poderia ter perdido por seis ou sete. Ou a sorte (e não só) que, a seguir, teve nos dois jogos com o Benfica. E a que teve com o Barcelona, em ambos os jogos.
Se o Bayern entrou no Barnabéu com um pequeno saldo credor de sorte – a de ter marcado o golo da vitória em Munique já mesmo no final – a verdade é que aos seis minutos de jogo os pratos dessa balança já estavam equilibrados.
A partir daí desequilibraram definitivamente a favor do Real Madrid. Que aos catorze minutos, e sem que o Neuer tivesse efectuado uma única defesa, já ganhava por dois a zero e tinha o apuramento no bolso. Apenas oito minutos mediaram entre o primeiro e o segundo golo de Cristiano Ronaldo e do Real. Nesse espaço de tempo o Bayern criou três oportunidades claras de golo…
A partir do minuto seis, e até ao fim do minuto noventa, o Bayern foi sempre superior. Apenas no prolongamento, em que o medo de sofrer um golo se sobrepôs a tudo e a todos, haveria algum equilíbrio. Dito isto, parece-me que a justiça do apuramento do Bayern é inquestionável. Se antes do jogo Mourinho dissera que o Real Madrid merecia estar na final, agora, no fim, não o poderá repetir. Sob pena de cair na mentira, ou mesmo no ridículo!
O Bayern não é só uma grande equipa. Foi uma grande equipa, com um meio campo que não engoliu apenas o meio campo madrileno. Engoliu toda a equipa de Mourinho!
O Bayern é uma equipa fortíssima fisicamente. E depois, quem tem Neuer (que nem precisou de se mostrar, quem precisou disso foi Casillas), Lham, Schweinsteiger, Luís Cláudio, Ribery, Roben, Mário Gomez ou Muller, tem que ser mesmo uma grande equipa.
O resto é o jogo, é jogar à bola, coisa que a equipa bávara fez muito mais que … os jogadores do Real Madrid. Que foram muito menos equipa (terão chegado a sê-lo?) e que estiveram, praticamente todos (excepção de Casillas - que defendeu tudo o que havia para defender e ainda dois penaltis, tantos quanto o seu colega do outro lado – e, de alguma forma, Cristiano Ronaldo), abaixo do que podem e do que devem.
Estranho é que Mourinho tenha também apostado nos penáltis. Ou talvez não, talvez tenha percebido que não tinha argumentos para aquele Bayern. Mas, tendo apostado – agora é fácil, claro, mas eu senti-o e manifestei-o na altura -, deveria ter tido outro critério na escolha dos jogadores. Cristiano estaria sempre entre os eleitos, evidentemente (mas nunca deveria ser o primeiro a marcar), mas…o Sérgio Ramos?
Foi um rude golpe nas aspirações de Mourinho. E de Cristiano Ronaldo. Para o primeiro, a consequência imediata deverá ser a sua continuidade em Madrid por mais um ano. Com o campeonato e a Champions (a terceira, por três clubes diferentes, o seu grande objectivo pessoal) no bolso Mourinho abandonaria os merengues: tão claro como água. Para o segundo, a consequência vai mesmo ter quer ser um grande europeu. A vantagem da Champions em relação a Messi, já foi. Queda la copa de Europa, por supuesto!
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