O Benfica ganhou hoje no Restelo um jogo com história, com estórias e com alguns ensinamentos.
Um jogo com história porque um Belenenses-Benfica é um derby histórico, e um clássico do nosso futebol.
Mas também com estórias. Desde logo a do Miguel Rosa, que não jogou por decisão da Administração, conforme revelou o treinador no final do jogo. Podia ter sido por lesão, por uma daquelas lesões que alguns jogadores contraem a subir para o autocarro. O Abdulay, por exemplo, era – agora já não é – um jogador muito atreito a este tipo de lesões, mas ainda bem que não foi o caso, que o Miguel Rosa não lesionou…
Mas também a de um golo anulado ao Belenenses, por fora de jogo que na realidade não existiu. Que, se por si só já seria estória, tem ainda mais estórias agarradas. Desde logo porque na primeira volta, na Luz, o Belenenses empatou (1-1) com o golo obtido em fora de jogo. Reposta a justiça, tudo bem… Tudo bem, também, quando os treinadores se queixam das arbitragens, especialmente quando se sentem prejudicados. É normal, mesmo que a crítica e os media em geral muitas vezes achem isso mal. Que achem que o politicamente correcto seria não falar de arbitragens, ou, fazendo-o, fazê-lo também quando beneficiam desses erros. O que não é normal é todos os repórteres se tivessem apressado a recolher as opiniões dos dois treinadores sobre esse lance. Não esperaram pelo decorrer da conferência de imprensa, onde seria suposto que o treinador do Benf9ica ignorasse o lance e o do Belenenses o enfatizasse. Não, foi logo a primeira pergunta… E as respostas são também elas boas estórias, porque Jorge Jesus, que como se sabe está sempre on line, disse que do banco, não viu o lance. Desta vez estava off line, e aproveitou para arranjar para ali mais umas estórias novas sobre o fora de jogo que ninguém percebeu. E o Marco Paulo não comenta mesmo arbitragens…
Mas este jogo contém também alguns ensinamentos.
O Belenenses apresentou-se como se apresenta a maioria das equipas que defrontam o Benfica, com uma boa organização defensiva que visa atrasar o golo, se possível até ao fim do jogo. O Benfica marcou bem cedo – num grande golo, mais um golo espectacular, de Gaitan; o Benfica não está a marcar muitos golos, mas os que marca valem por muitos –, mas o Belenenses não desarmou, com os jogadores a correr muito atrás da bola e dos adversários, mas sempre lá atrás, como se nada se tivesse passado. E o Benfica, achando que o mais difícil estava feito, foi jogando sem grandes pressas, criando uma oportunidade aqui outra ali, mas sem a intensidade que lhe permitisse matar o jogo. Depois, é o costume, no fim o adversário cresce um bocadinho e basta-lhe uma bola parada para estragar a festa.
O Belenenses não criou um único lance, mas bastou-lhe uma bola parada e um pontapé de ressaca, exactamente como em Barcelos, onde ficaram os últimos dois pontos, para fazer um golo. Mal anulado, como se viu!
Pois é, não se esqueçam: os jogos matam-se, só depois de gerem. Se não aproveitarem este ensinamento um dia destes … pode correr ma!