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Dia de Clássico

Visto da bancada Sul

Dia de Clássico

Visto da bancada Sul

13
Mar17

Boa noite, Sr Jonas!

Eduardo Louro

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Os adeptos benfiquistas reagiram bem à desolação de Dortmund e mostraram à equipa que estão sempre lá, que acreditam nela e que nunca a deixarão sozinha. Numa segunda-feira, lá estiveram mais 54 mil, a passar a barreira do milhão na Luz, nesta época.

Pode dizer-se que também a equipa reagiu bem à derrota pesada, e à eliminação da Champions, mesmo que tenha voltado a levar o interruptor para o campo. É verdade, o Benfica voltou a ligar e desligar o interruptor do jogo.

Entrou muito forte, amarrando o Belenenses lá atrás, sem lhe dar tempo para respirar. Foi assim durante os primeiros vinte minutos, com futebol de grande qualidade. Rendeu um golo, a terminar o primeiro quarto de hora, pelo improvável André Almeida, com um feliz regresso à lateral direita, agora por lesão de Nelson Semedo, mais uma a juntar à infindável e já crónica lista de lesões. Nos 5 minutos seguintes o Benfica continuou à procura do golo, mas depois desligou.

É certo que não permitiu ao Belenenses sequer um remate. E também certo que não há equipa que consiga manter aquele ritmo durante a maior parte do jogo, quanto mais no jogo todo. Mas ninguém gostava do que via, até porque se via que, deixado mais à vontade, o Belenenses sabe jogar à bola.

O início da segunda parte parecia indicar que o interruptor continuava na posição off. O Belenenses entrou bem, a dizer que estava ali para discutir o jogo e vender bem cara a derrota. Durou cinco minutos, e acabou com uma bola no poste da baliza de Ederson. Na resposta o Benfica faz o segundo golo, soberbo, por Mitroglou. E o interruptor voltou a ligar-se, seguindo-se mais vinte minutos de belas jogadas de futebol, quase sempre desperdiçadas por mais um toque, mais um enfeite, mais um pormenor de requinte. Quase sempre de Jonas, mas nem só de Jonas...

Não foram vinte minutos iguais aos primeiros. Foram completamente diferentes, mas com o mesmo resultado - um golo, de novo excelente, por Sálvio. Estranhamente, já com o resultado em 3-0, o jogo partiu-se, deixando admitir que podiam vir aí muitos golos. E podiam ter vindo, oportunidades não faltaram. Nem ao Belenenses!

Acabou por dar apenas um. Mais um bonito golo, finalmente de Jonas. Que deixou uma boas notícia: está de volta. Que seja para ficar até ao final da época!

05
Mar17

Um jogo selvagem

Eduardo Louro

 

Muito difícil, este jogo do Benfica em Santa Maria da Feira. Esperavam-se dificuldades, mas não tantas como as que o jogo apresentou. Pelo campo, que é sempre difícil, a que a chuva trouxe ainda mais dificuldades, e pela própria equipa do Feirense, muito bem trabalhada pelo seu jovem treinador. Nuno Manta é certamente mais um valor a despontar no futebol nacional, na linha de Marco Silva, e de mais um ou dois que por cá vamos tendo oportunidade de apreciar.

Comecemos por aí, para dizer que, à parte a motivação extra que sempre representa defrontar o Benfica, os jogadores do Feirense correram como poucos, jogaram no campo todo, raramente se remetendo à exclusiva defesa da sua área, e fizeram tudo isso com grande qualidade, individual e colectiva.

A equipa do Feirense tornou o desafio num jogo selvagem, completamente indomável. Um jogo que nunca se deixou controlar, porque só se consegue controlar um jogo depois de controlar o adversário. E o Feirense nunca se deixou controlar, mesmo com o Benfica a ter a bola em na sua posse durante dois terços do tempo de jogo.

Se a tudo isto juntarmos, mais uma vez, as muitas ausências - desta feita faltaram o maior desiquilibrador (Nelson Semedo), o maior equilibtrador (Fejsa) e o de maior classe (Jonas), que só entrou na parte final - temos o quadro completo das enormes dificuldades que hoje o Benfica encontrou.

Na primeira parte nem o Benfica foi superior ao Feirense, nem teve muito mais oportunidades de golo. Ao contrário do adversário o Benfica proveitou, com o golo de Pizzi já perto do intervalo, uma das duas ou três oportunidades que criou. 

Na segunda parte, à excepção de cerca de 10 minutos ali pelo meio, a superioridade do Benfica foi clara, mesmo que nunca lograsse o domínio absoluto do jogo. O Feirense não dispôs de mais que uma oportunidade de golo, naquele canto que levou a bola até ao pé esquerdo do Ederson, que só a segurou depois de já a ter procurado dentro da baliza, enquanto o Benfica despediçou uma enorme séria de oportunidades claras. Três ou quatro, só à conta de Mitroglou.

Se a primeira parte deu ao jogo o golo de que se fez a vitória, a segunda deu-lhe os argumentos para a justificar.

O que se não justifica, não se aceita, nem se desculpa, é o comportamento de alguns adeptos que estavam atrás da baliza do Feirense na primeira parte. Envergonha-nos a todos, Envergonha-me a mim!

25
Fev17

Deixem-se lá de coisas obsoletas!

Eduardo Louro

Benfica 3-1 Chaves

 

Grande jogo na Luz, nesta noite de sexta-feira, já de Carnaval, de novo com mais de 50 mil nas bancadas. Que sofreram a bom sofrer, desta vez.

Foi um jogo intenso, bem jogado e com muita, muita emoção. O Benfica sofreu, e fez sofrer os adeptos, por culpa própria, mas também muito por culpa de um excelente Chaves, que joga á bola como gente grande.

Que começou o jogo justamente a explicar isso, que sabe jogar à bola, e foi durante todo o primeiro quarto de hora bem melhor que o Benfica, que falhava no meio campo e falhava nos centrais, que não atinavam na linha do fora de jogo. O Benfica chegaria no entanto ao golo pouco depois de esgotado esse período, na segunda vez – a primeira tinha sido logo na saída de bola – que rematou à baliza da equipa flaviense, e passaria então a mandar no jogo.

Teve então vinte minutos de boa qualidade, com o seu futebol habitual, mas deixando sempre a ideia de muita parra para pouca uva. Por isto ou por aquilo – quase sempre velocidade a menos e hesitações a mais – as sucessivas vagas de futebol atacante do Benfica ficavam bem longe de atingir os objectivos. Nem grandes oportunidades, quanto mais golos.

Depois percebeu-se que o Benfica tinha voltado a trazer o interruptor para o jogo. E que o utilizava com alguma frequência, ligando-se e desligando-se do jogo com total despropósito. O Chaves chegaria ao empate mesmo à saída para o intervalo, e deixaria claro que este era um jogo com tudo para ficar muito perigoso.   

Com o segundo golo, em mais uma grande jogada de futebol concluída pelo Rafa, logo no início da segunda parte, o Benfica voltou ao grande futebol. Voltaram a suceder-se as vagas de ataque, com os jogadores do Chaves a terem de correr atrás da bola, agora a circular com mais velocidade entre os jogadores do Benfica, já com Jonas em campo. A equipa era agora mais consequente, e as oportunidades de golo sucediam-se. Os golos é que não, porque os remates invariavelmente não acertavam com a baliza.

Com o passar dos minutos, e a bola sem entrar, os jogadores da equipa transmontana começaram a acreditar cada vez mais. E como sabem jogar à bola, e o Benfica ainda lá tinha o interruptor, nos últimos dez minutos as coisas complicaram-se. Mas pelo meio pairou sempre a ideia que este era um jogo bem mais complicado do que, a cada momento, parecia. Só deixou de ser assim no minuto 89, quando o Mitroglou – em grande forma, com mais uma bela exibição – bisou e fez finalmente o terceiro.

E lá continuamos na frente. Mas é bom que esqueçam os interuptores. Estão obsoletos, agora usam-se sensores. 

20
Fev17

O jogo chave e a chave do jogo

Eduardo Louro

Mitroglou

 

Este era um dos jogos chave deste campeonato. Não tanto por ser em Braga, nem por ser já um clássico de elevado grau de dificuldade para o Benfica, até porque este Braga está muito à imagem de Jorge Simão: é mais bazófia. Este era, para o Benfica, um dos mais decisivos jogos deste campeonato mais pelas circunstâncias externas do que pelo próprio jogo. No estado em que as coisas estão, nesta altura do campeonato – aqui a expressão ganha todo o propósito –, as fichas caíam todas em cima deste jogo. O Porto, jogando na sexta-feira, tinha ganho e passaria para a frente desde que o Benfica não ganhasse. A actualidade da arbitragem, a fustigar sistematicamente o Benfica desde a última jornada da primeira volta e a beneficiar o Porto, muitas vezes de forma escandalosa, também faz das coisas o que elas são.

E vale a pena começar por aí. Esta XXII segunda jornada confirmou tudo o que tem vindo a acontecer desde o início do ano. Começou logo pelas nomeações, com o árbitro que abriu as hostilidades – Luís Ferreira, o tal dos três golos do Boavista – posto a dirigir o jogo do Porto, com o Tondela, e com o que expulsou e fez castigar Rui Vitória, Tiago Martins, mandado para Braga. E o que se viu no Porto foi por demais escandaloso, com o árbitro a desbloquear, nos últimos minutos da primeira parte, um jogo que não estava a correr de feição. Depois de perdoar ao Porto um penalti claro ofereceu-lhes um, inexistente. Depois de evitar a expulsão ao central portista, Filipe, expulsou um jogador do Tondela, numa jogada em que não só não cometeu nenhuma infracção como foi até agredido. Jogar contra dez já faz parte do guião do Porto. Já em Braga, nos primeiros vinte minutos do jogo, o árbitro não veria dois penaltis a favor do Benfica – carga sobre o Salvio dentro da área e, depois, um corte de um defesa bracarense com a mão – mas veria um fora de jogo inexistente para anular um golo limpo a Mitroglou.

Por todo este estado de coisas, que pelos vistos está para ficar, para o Benfica todos são jogos chave.

O Benfica entrou bem, a fazer lembrar o jogo da época passada, que ficou resolvido nos primeiros vinte minutos, mesmo que sem a mesma exuberância. Foi, mesmo assim, o melhor período da equipa e não tivesse sido o já referido dedo do árbitro – não se ficou por aí, por duas vezes interrompeu ao Benfica lances prometedores, como agora se diz, para assinalar faltas ocorridas lá atrás, em benefício claro ao infractor – o jogo teria voltado a ficar resolvido bem cedo. Mas como os penaltis não foram assinalados, o golo de Mitroglou não valeu e noutra ocasião o grego, só com o guarda-redes pela frente, na pequena área, rematou por cima, o jogo fechou-se. O Benfica, sempre com muito mais bola, não voltaria a ter grandes ocasiões para marcar. Nem o Braga, com uma única oportunidade em todo o jogo, no remate de Bataglia ao poste.

A segunda parte continuou intensa, com tudo – espaço e bola – muito disputado. O jogo, nem sempre bonito, manteve-se aberto. E emotivo. Sem que se vislumbrassem grandes desequilíbrios, nem mesmo quando o jogo começou a ficar mais partido, nem grande inspiração nos principais artistas, o nulo era uma ameaça séria. Faltavam dez minutos para os noventa quando, de quem menos se esperaria, saiu o lance de génio que resolveu o jogo. Surpresa só pela forma com “despachou” quatro defesas contrários dentro da área, porque na verdade só Mitroglou tinha a chave do jogo. Só ele podia marcar: o Benfica jogou muito, mas rematou pouco. Bem mais rematou o Braga, que jogou muito menos!

11
Fev17

Benfica alarga vantagem para 4 pontos

Eduardo Louro

André Carrillo faz o 3-0 no jogo frente ao Arouca

 

Exactamente. Assim mesmo. Depois do que se viu na semana passada, amanhã os jornais não poderão deixar de se cobrir de títulos como este. Esperemos para ver...

Dito isto, já se pode dizer que o melhor futebol que o país tem para mostrar está de volta. O jogo do passado domingo já o tinha deixado perceber. O de hoje, desta noite gelada de sexta-feira - que certamente explica a menor assistência do campeonato, apenas 47 mil pessoas na Luz - confirmou que o Benfica não deixou fugir o perfume do seu futebol. A primeira parte foi de autêntico explendor na relva, com Carrillo - pela primeira vez titular no campeonato - Zivkovic, Jonas e Nelson Semedo a recitarem futebol. 

O Benfica entrou na partida determinado, com todos os jogadores concentrados e focados, a gerir na perfeição os ritmos do jogo e a variá-lo com critério. O Arouca - de Lito Vidigal, ao que se diz de partida, não resistindo ao chamamento de Israel - foi de imediato encostado lá atrás, donde não conseguia sair. Seguiu-se um curto período de abrandamento, que permitiu ao Arouca subir um bocadinho e deixar perceber que pretendia fazer o que todos querem fazer na Luz: pressionar no campo todo, condicionar a saída de bola e tentar engasgar a construção do Benfica.

Só que, na tal gestão dos ritmos do jogo, o Benfica rapidamente voltava a imobilizar o adversário lá atrás. Percebia-se que o golo estava a espreitar. Apareceu, foi muito festejado, mas viria a ser anulado, a fazer lembrar o terceiro golo do Boavista do fatídico último jogo da primeira volta, mas em versão bem menos exuberante. Isso mesmo, o critério é só um. E simples: se, em fora de jogo possicional, um jogador se faz ao lance, é fora de jogo se der golo para o Benfica. Já não o é se der golo contra o Benfica.

Pouco depois, Mitroglou voltaria a acertar na baliza, de cabeça, a passe de Jonas, em mais uma espectacular jogada de futebol. Ia a primeira parte a meio e não havia como anulá-lo. Menos de 10 minutos depois, numa jogada colectiva ainda mais bonita, o grego bisou.

Em noite de lua cheia, a Luz resplandecia de futebol. De repente, o caso Mateus: Ederson sai da baliza e vai disputar a bola com o conhecido angolano do Arouca, a meio do meio campo. Chuta a bola que, azar dos azares, vai bater no Eliseu, que vinha em corrida, e segue em direcção à baliza, enquanto o guarda-redes do Benfica acaba a chocar com o adversário. O jogo prossegue, Lindelof recupera a bola bem antes que ela se cruzasse com a baliza e, por ordem do fiscal de linha, o árbitro interrompe o jogo expulsa o guarda-redes. Como se o árbitro assistente - é assim que se chama, não é fiscal de linha -, que não veria, bem à sua frente, uns minutos depois, uma agressão com o cotovelo a Lindelof, tivesse visto a bola ser jogada pelo avançado do Arouca, e como se ele tivesse ficado isolado, em condições de fazer golo. Inacreditável!

Não houve eclipse. Nem da Luz, nem do bom futebol, porque já se viu que não é por aí. A Luz reacendeu-se, e reacendeu-se ainda mais quando o árbitro apitou para intervalo depois de mais uma falta sobre Carrillo, junto à àrea adversária, que o árbitro assinalou sem que permitisse cobrar o livre. E o bom futebol, evidentemente que com novas nouances, regressou para a segunda parte com os 10 jogadores do Benfica. 

E para que não ficassem dúvidas, logo no início, Carrillo assinou a obra de arte que fixaria o resultado final. A fasquia da qualidade dos golos tinha vindo a subir e estava bem alta: o terceiro não podia ser outra coisa que uma obra prima.

Valeu a pena esperar por Carrillo!

 

05
Fev17

Firme na frente

Eduardo Louro

vídeo


Pela primeira vez neste campeonato a Luz contou menos de 50 mil espectadores. Em regra as assistências têm andado pelos 60 mil, mas este é também o preço da oscilação que afectou a equipa nas duas últimas semanas. Mesmo assim nada de significativo, basta reparar que mesmo assim esteve mais gente hoje na Luz que ontem no Dragão, num clássico decisivo para ambos.

Comecei pela moldura humana de hoje na Luz porque, nas condições especiais deste regresso a casa, à terceira jornada da segunda volta, era importante ver como reagia o público a um Benfica a lamber as feridas e, pela primeira vez em 15 jornadas e muitos meses, a entrar em campo sem estar no lugar mais alto da classificação. A verdade é que a resposta dos benfiquistas foi clara no apoio à equipa. Não é por aí... Não irá ser por aí!

Nem por aí nem por outro lado qualquer, apetece já adiantar que esta é a conclusão final do jogo.

Os primeiros vinte minutos não surpreenderam ninguém. O Nacional começou por fazer aquilo que é já clássico, pressão sobre a bola, bloco curto, bem junto e grande intensidade física na disputa dos lances. Nada de novo, todos os adversários do Benfica há muito fazem assim, sem grandes resultados, como se tem visto. As excepções, que só confirmam a regra, aconteceram apenas quando o Benfica não foi minimamente eficaz na concretização das oportunidades de golo que sempre criou.

Por isso, se os primeiros vinte minutos não surpreenderam ninguém, os restantes setenta também não. A não ser os que esperavam que a equipa não conseguisse sarar as feridas abertas nas últimas duas semanas. Quando Jonas, aos 26 minutos, fez o primeiro golo percebeu-se que não havia mais fantasmas, e que a normalidade estava de regresso. E com ela o melhor futebol que se pratica neste campeonato, mesmo que aqui e ali com alguma timidez.

O segundo, ainda por Jonas e de grande execução, surgiu pouco depois, à entrada dos últimos 10 minutos da primeira parte, quando no relvado já se desenhavam jogadas do melhor futebol que por cá se vê.

A segunda parte - que daria apenas mais um golo, de Mitroglou, assistido por Rafa em mais uma brilhante jogada de futebol, seria de confirmação. De confirmação do regresso da equipa ao bom futebol, e da confirmação de que a arbitragem está mesmo apostada em apertar. Nem é necessário falar se há um ou dois penaltis por assinalar, basta falar da incrível dualidade do critério disciplinar do árbitro. A equipa do Nacional não poderia acabar o jogo com mais de oito jogadores em campo. Mas acabou inteirinha, mesmo que o seu capitão devesse ter sido expulso em três ocasiões distintas. Numa delas mandou o Sálvio de regresso ao estaleiro, numa entrada violenta, e por trás, quando o argentino se isolava a caminho da área.

O Benfica não recuperou a liderança. Manteve-a.  Mantém-na desde a quinta jornada. Sem a folga a que estávamos habituados, mais apertada agora, na diferença mínima. E por isso tudo vai apertar ainda mais... Mas também não irá ser por aí!

 

30
Jan17

O futebol não é só impiedoso. É cruel!

Eduardo Louro

(Foto Record) 

 Tem sido notória a quebra - física e anímica, a que geralmente se chama de forma - do Benfica. É inegável que a equipa - e não é um ou outro jogador, é mesmo toda  a equipa - se deixou cair num mau momento, seja por sobrecarga de jogos, seja por outra razão qualquer que, se não está já identificada, é importante rapidamente identificar.

O futebol é por norma impiedoso. Nesta altura, com o Benfica, está a ser cruel. O adversário chega uma vez à baliza, como hoje se voltou a repetir em Setúbal, e faz golo. O treinador, homem cordato e educado, fala com a equipa de arbitragem no final do jogo, à vista de toda a gente, olhos nos olhos, sem quaisquer sinais de exuberância, e é imediatamente suspenso por 15 dias. Quinze dias tão cirúrgicos que correspondem a três jogos. Os árbitros, agora de apito tão leve para assinalar penaltis a favor dos principais concorrentes, ignoram olimpicamente takles e mãos dentro da área dos adversários, como ainda hoje, de novo, se voltou a repetir. Que têm os cartões ali tão à mão, e que tão rápidos são a deixar a concorrência em superioridade numérica, deixam-nos em casa. Ou trazem-nos tão no fundo do bolso que se torna muito difícil que de lá saiam, como também hoje se viu. O amarelo ficava sempre no bolso, bem lá no fundo. O vermelho deve ter mesmo ficado esquecido em casa...

Mesmo jogando pouco, o que o Benfica está nesta altura a jogar daria normalmente para ganhar. Os concorrentes estão a jogar menos, e basta-lhes. A crueldade não está apenas em perder um jogo em que o adversário fez um único remate à baliza e nem chegou a ter 20% de posse de bola,  Também está aí!   

É ainda cruel perder 5 dos 6 pontos em disputa com o Vitória de Setúbal. Ou perder 5 pontos em apenas três jornadas. Ou que afinal as lesões contem...  

Podemos dizer que ainda vamos à frente. Mas é melhor nem dizer, pode dar azar...

22
Jan17

O primeiro golo do Rafa só podia ser assim...

Eduardo Louro

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A segunda volta começou como tinha acabado a primeira, na semana passada. Tarde de sol, de domingo, desta vez, e a Luz cheia. Para que as diferenças não fossem muitas até a primeira parte foi muito parecida. 

Não tivesse o Benfica feito a segunda parte que fez e lá teríamos de estar a dizer que a equipa atravessava a pior fase da época. A primeira parte do jogo de hoje foi francamente má, na globalidade ainda pior que há uma semana, com o Boavista. A diferença foi que, na única vez que o Tondela foi à baliza de Ederson, ao contrário da semana passada, o árbitro estava lá para aplicar as leis do jogo. 

O Benfica até entrou bem, a deixar claro que não iria permitir que o jogo se complicasse. Desperdiçou uma grande oportunidade logo aos sete minutos, mas depois começou a deixar andar. Pouca intensidade, lentidão nos processos e no pensamento e, por vezes - vezes de mais - falta de concentração. Que se traduzia em passes errados, precipitação na saída de bola e muitos foras de jogo. Houve até, aí pelo meio dessa primeira parte, um período de 5 ou 6 minutos que chegou a ser assustador, a lembrar o pior do jogo com o Boavista, com os jogadores - todos, mas especialmente Lindelof, Samaris e André Almeida - a deixarem notar grande intranquilidade.

Acrescia então que, a cada vez que o Benfica conseguia colocar o jogo sob alta intensidade, em cada jogada que finalizava, o guarda-redes do Tondela arranjava uma lesão.

Na segunda parte, já com Salvio (substituiu Cervi) na direita e Zivkovic, pela primeira vez titular, fixado na esquerda, o Benfica entrou logo com mais velocidade, mais agressividade e mais intensidade, e  o primeiro golo não tardou mais que uma dúzia de minutos. Obra de Pizzi, e resultado directo da maior agressividade na disputa da bola. Sabe-se como neste jogos com adversários muito fechados e bem organizados, como já são quase todos, o primeiro golo faz toda a diferença. A partir daí o jogo muda.

E mudou. A equipa começou a conseguir chegar à linha de fundo, e o reportório passou a ser outro. O segundo golo é um exemplo disso mesmo, e chegou pouco mais de um quarto de hora depois, de novo por Pizzi. Oito minutos depois o Estádio da Luz explodiu em festa, com a obra-prima de Rafa, que entrara para substituir Mitroglou, lesionado, ao que pareceu.

O primeiro golo de Rafa no Benfica tinha de ser assim, não podia ser de outra maneira. Pela sua qualidade, tinha de ser um golo de rara beleza. Pela sua malapata, tinha de ser um grande golo.

Tão bonito como esse momento só o momento que se seguiu, na forma como os colegas festejaram o seu primeiro golo, a repetirem o que a meio da semana, no jogo da Taça de Portugal, com o Leixões, haviam feito com André Almeida. É nestas coisas que se vê o espírito de equipa!

Já no fim, no último suspiro do jogo, Jonas, de penalti, fixou o resultado final: 4-0. De todo improvável depois daquela primeira parte. E depois de uma enorme exibição do Cláudio Ramos, o excelente guarda-redes do Tondela.

Mas, atenção: não é muito provável que todos os jogos com uma metade destas tenham um final feliz destes. O melhor é não repetir!

 

14
Jan17

Os golos também se capitalizam

Eduardo Louro

Jonas fez o que mais nenhum brasilero conseguiu no Benfica

 

Último jogo da primeira volta. Sábado à tarde. Tarde bonita, cheia de sol. Estádio da Luz cheio que nem um ovo, mais uma vez acima dos 60 mil. e a passar a barreira dos 15 milhões de espectadores. Adeptos eufóricos, as última exibições do Benfica não davam para menos... 

Tudo para uma tarde de sonho, depressa transformada em pesadelo. O jogo iniciou-se como seria previsível, com o Boavista a pressionar no campo todo, nada que seja novidade. Também não foi exactamente novidade que o Benfica passasse os primeiros dez minutos sem dar muito boa conta do recado.  Nem que saísse desse período com a primeira oportunidade de golo, na melhor jogado do desafio. Só que o remate de Gonçalo Guedes, isolado por Rafa, levou a bola fugir por milímetros do golo.

O Benfica tomou conta do jogo e começou a vir ao de cima a matreirice e o poder físico dos jogadores de xadrez - o Boavista é certamente uma das equipas fisicamente mais fortes do campeonato. Que é uma das mais duras já se sabia...

Estavamos nisto quando, em pouco mais de 10 minutos, o Boavista marca três golos. Todos com a assinatura da arbitragem: no primeiro, o árbitro não assinalou uma falta sobre o Rafa à saída da área do Benfica, no segundo, o marcador fez falta sobre o André Almeida, e o terceiro resulta de um fora de jogo inacreditável.

Tenho sempre aqui dito que os erros dos árbitros são incidentes do jogo. Que jogando bem, como habitualmente o Benfica faz, os golos aparecem e acabam por se sobrepor a esses erros. O que, de resto, e mesmo com erros tão raros e tão influentes como estes - três golos em 10 minutos - até este próprio jogo confirmou.

E o que me dá toda a legimidade para perguntar: o que seria, se esta arbitragem de Luís Ferreira tivesse acontecido com o Sporting, ou com o Porto? E para expressar claramente que esta arbitragem é o resultado da pressão que ambos têm vindo a construir, especialmente nas últimas semanas.

Dito isto há que dizer que o Benfica não esteve ao nível que nos tem habituado. Mesmo assim, criou oportunidades de golo suficientes para chegar ao intervalo já com a desvantagem no marcador anulada. Aproveitou apenas uma, aos 40 minutos, por Mitroglou (substituiu Rafa) que entrara 4 minutos antes.

Na segunda parte não melhorou muito, mesmo que a entrada de Cervi, com a saída de Luisão, tenha trazido coisas novas ao jogo do Benfica. Chegou cedo ao segundo golo, num penalti cometido sobre o jovem argentino, que Jonas concretizou. E o empate chegaria também a partir de uma substituição, a última, na troca de Gonçalo Guedes por Zivkovic, que cruzou para um defesa boavisteiro, pressinado, fazer auto-golo.

Faltavam 20 minutos para o fim, e acreditou-se na reviravolta completa. Mas o Boavista continuava imperturbável, a defender com tudo e de toda a maneira. E a queimar tempo, sempre com a complacência do árbitro. Mesmo assim foi nesse período, em pleno assalto final do Benfica, que criou as duas únicas oportunidades de golo imaculadas, ambas anuladas em intervenções superiores de Ederson. 

É certo que o Benfica poderia chegado ao golo da vitória. Dispõs de mais duas ou três ocasiões para isso, mas também ia ficando a ideia que os jogadores, esgotados, já se contentavam por terem evitado a derrota.

Claro que não se pode esquecer que a arbitragem deu três golos ao adversário. Que a qualidade de jogo foi inferior ao desejável, e que jogadores que têm sido fundamentais tiveram fraco desempenho, como Pizzi, Nelson Semedo e Salvio. E que os níveis de eficácia estiveram abaixo do habitual. Mas o Benfica só não ganhou o jogo porque não soube, não pôde, ou não quis, capitalizar os golos que iam fazendo a recuperação.

Quando uma equipa se encontra numa situação daquelas tem obrigatoriamente que tirar partido de cada golo. Tem que ter coração e alma para fazer de cada golo um trampolim para o seguinte, ir para cima do adversário sem o deixar recuperar do golpe. Não o deixar respirar, atirá-lo ao tapete. E o Benfica não fez isso. Os jogadores foram a correr buscar a bola á baliza do Boavista, mas ficaram-se por esse gesto. A bola ia ao centro e tudo voltava ao normal, como se nada se tivesse passado: o Boavista continuava confortável com o resultado e arrefecia de imediato o jogo.  

Não me digam que não faltou alma, nem coração, que o que faltaram foi forças. Antes de faltarem as forças já percebíamos que faltava aquele coração que resolve os jogos quando não é possível jogar bem. Aquele suplemento de crença que é preciso quando as adversidades aumentam.

Ao cair do pano sobre a primeira volta deste que desejamos que seja o campeonato primeiro tetra, e quando os adversários pretendem mascarar a superioridade que o Benfica  demonstrou até aqui com o colo da arbitragem, não se devem esquecer os pontos perdidos com o dedo das gentes do apito: Vitória de Setúbal e Boavista, na Luz (4) e Marítimo, nos Barreiros (3). Sete pontos, num total de nove perdidos, estão a débito nas contas da arbitragem. Não fosse a qualidade da equipa e do futebol que pratica superar normalmente os erros de arbitragem e o saldo seria bem mais gordo.

Não sei se a isto se chama colo, se andor... Nem sei se o Rui Vitória se não irá arrepender de ser tão elegante. Tenho a impressão que a elegância e os bons modos não são lá muito bem vistos no mundo português do futebol.  

 

07
Jan17

Resposta à altura

Eduardo Louro

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A 16ª jornada levou o Benfica a Guimarães para disputar um jogo que é já um clássico do futebol nacional, sempre aguardado com grande expectativa, e sempre difícil. Desta vez talvez mais, ainda. Porque o Vitória está bem lá em cima na tabela classificativa, lado a lado com o Sporting, no quarto lugar. Porque atravessa uma fase excelente, tem uma boa equipa, muito bem orientada e a jogar bem. E porque a semana, como sabemos, foi bastante complicada, criando um ambiente muito crispado à volta do Benfica, que nada tinha a ver com o que se passava.  

As expectativas não sairam frustradas: foi um grande jogo de futebol, onde o Benfica não entrou bem. Nos primeiros dez minutos sucederam-se muitos passes errados, levando o Vitória a recuperar a bola com grande facilidade e a partir com grande frequência para o ataque. Para agravar as dificuldades, e para que nada se estranhe nesta caminhada do Benfica, perdeu bem cedo Fejsa, por lesão. Mais uma! 

A primeira grande oportunidade de golo acaba por surgir mesmo ao minuto 10, e para o Benfica, E o jogo mudou. Os passes passaram a sair no tom, e o Benfica assenhoriou-se do jogo. Tomou o controlo da partida para não mais o perder até ao intervalo, às portas do qual o Benfica faria o segundo golo e fecharia o resultado. O primeiro fora marcado ainda antes da primeira parte ter chegado a meio. Ambos sob a marca do regresso: do regresso de Jonas, e do regresso da dupla maravilha da época passada, com Mitroglou. Que fez o segundo, assistido pelo fantástico Jonas. Que fez o segundo, assistido pelo fantástico Jonas. Que fizera o primeiro, assistido por Salvio, depois do trabalho do grego que, com Jonas, é outro.

E falando de regressos há que referir o de Salvio, o de André Horta - que substituiu Jonas a meio da segunda parte - e o de Zivkovic (substituiu Salvio, já no último quarto de hora), se é que deste se pode falar de regresso. O que, se a lesão de Fejsa não representar o início de um novo ciclo negro (e neste momento, para não falar em lagartos, estou a bater com os nós dos dedos na madeira), dá conta da força com que o Benfica pode arrancar para a segunda volta. 

Na segunda parte o Benfica abordou o jogo de maneira diferente. Mas nem tudo foi diferente. O Vitória voltou a entrar melhor, e nos primeiros 10 minutos teve as suas duas melhores oportunidades de golo; numa o remate saiu por cima, na outra o Ederson fez uma defesa daquelas que só os grandes guarda-redes fazem. O Benfica preocupou-se em controlar o jogo, em ter bola e fazê-la circular, em adormecer o jogo, para de um momento para o outro criar sobressaltos na defesa vitoriana. E acabou por ser o guarda-redes Douglas a impedir por duas ou três vezes que o resultado se mantivesse inalterado.

No fim, mais um obstáculo ultrapassado com grande capacidade afirmativa: a melhor resposta que, em nome do futebol, podia ser dada aos lamentáveis e vergonhosos acontecimentos dos últimos dias. 

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