Acabou bem... começou bem!
O futebol é isto mesmo. É o mais comum dos lugares comuns do futebolês, mas é ainda a expressão mais expressiva do não sei quê de especial que há no futebol. E que faz dele o mais apaixonante dos jogos, o que mais emoções desperta, e que mais multidões arrasta.
O jogo com que o Benfica se estreou no campeonato, à procura do tri que foge há perto de 40 anos, e do 35º, a primeira vitória da época, não só cabe nesta velha expressão do futebolês como a enche por completo.
À entrada do último quarto de hora, o jogo resumia-se a três grandes intervenções do guarda-redes Júlio Cèsar, e a uma bola na trave da baliza do Estoril (Luisão), adensando as núvens de dúvidas que, mais altas que a águia, sobrevoavam o Estádio da Luz. Os jogadores do Estoril eram sempre mais rápidos e mais, muito mais agressivos. Pressionavam pelo campo todo. Alto e baixo, em toda a linha... Faltas sobre faltas, em todo o lado, logo à saída da área até em cima da baliza do Benfica. Obrigavam os adversários a errar, o que até nem parecia muito difícil, lançando aqui e ali o pânico na sua grande área. De vez em quando os bi-campeões nacionais conseguiam fugir da teia e lá criavam uma ou outra oportunidade, logo desperdiçada... Nunca conseguindo fugir à ideia de uma equipa mole, presa de movimentos, sem chama e sem agressividade.
De repente sai Pizzi, acabado de realizar um passe soberbo, e entra o já mal amado Talisca. E sai o Ola a quem toda a gente quer dizer adeus, para entrar ... Victor Andrade, o miúdo brasileiro - a crescer há três anos entre os juniores e a B - que fora a grande surpreza da convocatória. Parecia que não tinha nada para dar certo, mas tudo mudou. Entra o primeiro golo - quando Mitroglou finalmente acertou na baliza - e o Estoril, então já preso por arames, rebenta. O que saía mal passou a sair bem, a exibição solta-se e a goleada nasce. E até o menino que é já a nossa menina dos olhos marca!
E acaba em apoteose o que, tão pouco tempo antes, parecia só poder acabar mal. E acaba no maior resultado da abertura do campeonato aquilo que, tão pouco tempo antes, ameaçava poder ser a maior surpresa do dia um desta liga 2015-2016. E acaba com mais uma demonstração de bom senso, equilíbrio e categoria de Rui Vitória.
Fico com a impressão que, deste, nunca terei vergonha!
Não sei se tudo está bem quando acaba bem. Sei que acabou bem... E como acabou bem, começou bem esta caminhada á procura do tri.