Crime agravado!
Assistimos esta noite na Luz a uma das maiores injustiças alguma vez vistas num estádio de futebol quando, a dez minutos do fim, o árbitro expulsou Gaitan do jogo. Mandar sair do jogo quem estava a fazer aquilo que o génio argentino estava a fazer, deslumbrando o mundo com uma exibição que só muito raramente o mundo pode ver, é inscrever na História do futebol uma das suas maiores aberrações.
Roubar ao jogo o seu maior artista é matá-lo. E matar é crime. Sempre!
Acresce que, da maneira que aconteceu, é crime agravado. Com o dolo todo, com todas as agravantes que se quiser. Já que é impossível contar tudo o que de fantástico Gaitan fez neste jogo com os turcos do Galatasaray, vale a pena contar o que o árbitro fez: estava o jogo a aproximar-se do intervalo quando um avançado turco, poucos minutos depois de ter visto um amarelo por ter armado confusão, joga a bola com a mão em clara tentativa de enganar o árbitro. Pelas leis do jogo teria de lhe mostrar o amarelo, que seria o segundo. Não o fez, em vez disso mostrou-o a Gaitan, por protestar a sua decisão. Muitos minutos depois, faltavam então 10 para ofim do jogo, o argentino desenha no relvado mais uma jogada do outro mundo, porventura a mais portentosa, deixando de calcanhar para que o Jimenez permitisse uma defesa assombrosa - para canto - ao guarda-redes uruguaio da equipa turca. Da marcação do canto a bola sobra para um adversário, que parte para o contra ataque. Gaitan perseguiu-o, tentou o corte, mas fez falta. Para amarelo. O segundo. Que, para o crime ser hediondo, desta vez o árbitro não poupou.
Depois disto nada mais do jogo tem qualquer interesse, mesmo com o que vale esta vitória do Benfica. E vale muito. Nem mesmo que o Luisão tenha estado nos três golos, e que tenha exigido respeito!