Eclipse (quase) total
O Benfica perdeu hoje em Vila do Conde os primeiros pontos no campeonato, na pior exibição da época.
O jogo correu mal, e começou muito cedo a correr mal, com a lesão de Jardel logo no início da partida. É mais uma lesão e, pior, é mais uma lesão do azarado central do Benfica, agora que era evidente o seu regresso à normalidade. À condição de grande esteio da defesa.
O Rio Ave jogou bem e criou muitas dificuldades, com que o Benfica nunca soube lidar. Muito interessante o jogo dos vilacondenses, a sair a construir muito de trás, muitas vezes correndo riscos que os tetracampeões, estranhamente, não souberam aproveitar.
Cmecemos por aí. O Benfica, que está rotinado a fazer pressão sobre o adversário logo à saída da área, falhou sempre essa pressão. Quando o fez, fê-lo de forma desgarrada, com os dois avançados a chegarem sempre tarde à bola, e os outros sempre muito atrás, a permitirem a superioridade numérica dos jogadores do Rio Ave, que lhes permitia trocar a bola lá atrás e sair com todo o à vontade. Até parecia o Barcelona!
A partir daí, da primeira fase de construção, o Rio Ave partia para um posicionamento muito subido que lhe permitia encurtar o campo, e reduzir o espaço de disputa da bola. Aí, nessa estreita faixa do campo para onde o Rio Ave levou o jogo, sobressaiu a maior agressividade dos seus jogadores e, surpreendentemente, a sua capacidade técnica. Mérito, muito mérito dos jogadores e do desconhecido treinador do Rio Ave.
A primeira parte foi sempre assim, e o Rio Ave foi quase sempre melhor, empurrando o Benfica para a sua pior exibição da época. Eliseu, acusando a pressão a que esteve sujeito ao longo de toda a semana, jogava sobre brasas. Pizzi, não dispunha nem de tempo nem de espaço para pegar no jogo. Rafa, estava lá, no lugar de Salvio, mas não se via. E Cervi não fazia melhor. Seferovic, quando aparecia, estava em fora de jogo. Só Jonas, mas Jonas não joga sozinho.
A segunda parte tinha de ser diferente. As coisas não poderiam continuar assim.
E foi. Foi diferente, mas não tão diferente quanto era necessário que tivesse sido. Quando se começava a ver que o jogo já tinha mais campo, e que o Benfica estava melhor, surgiu o golo do Rio Ave, numa jogada muito bem desenhada, como tantas outras, mas de pura infelicidade para a defesa benfiquista: cruzamento para a área, a bola enrolou nas pernas de Luisão e dificultou o que seria uma recolha fácil de Varela, que a soltou para bater nas pernas de Lisandro e tomar o caminho da baliza.
Não durou muito a vantagem do Rio Ave. Seis minutos depois, o vídeo-árbitro viu finalmente um penalti a favor do Benfica, provavelmente o menos vísível de tantos que nunca tinha visto, e Jonas empatou o jogo. Faltava meia hora, e acreditava-se na reviravolta. Que não aconteceu - já não me lembro do último jogo que o Benfica tenha ganho depois estar a perder, deve ter sido há muito tempo - porque o guarda-redes do Rio Ave é um C(l)ássi(c)o milagreiro. Das quatro ou cinco oportunidades que o Benfica criou na última meia-hora, Cássio anulou três quando já se gritava golo.
Mesmo assim não me parece que o pior do jogo tenha sido o resultado. Houve coisas bem piores. Como a lesão de Jardel e a flagrante incapacidade da equipa na primeira parte. Ou a fraca resposta dos alas, os tais do excesso que até dá para deitar fora. Sem Salvio, Cervi apagou-se. E no lugar do lesionado argentino não resultaram nem Rafa, nem Zivkovic.