Espero que tenham percebido...
Luz cheia de luz, de cor - mesmo que só vermelho - e de gente. Estádio cheio, como sempre. Entre os 57.064 espectadores, dois muito especiais: duas debutantes, de 3 e 5 anos. Vibrantes, como toda aquela fantástica moldura humana!
O Benfica entrou a surpreender o Marítimo. O bem sucedido treinador da equipa madeirense tinha afirmado que o Benfica é avassalador nos primeiros quinze a vinte minutos. E que era por isso fundamental apostar tudo nesse período. Que, evitar aí o golo do Benfica, era o primeiro passo para levar pontos da Luz. Talvez por isso, para surpreender o adversário, o Benfica não quis atirar-se para cima da equipa insular, hoje de amarelo, logo que o árbitro apitou. Nem nesse momento nem nos 10 minutos que se lhe seguiram....
Os jogadores do Marítimo devem ter ficado baralhados, pensando que tinham sido enganados pelo treinador. Aquilo não era avalanche nenhuma. Baralhados os jogadores adversários, o Benfica abriu então o livro e deu início, com 10 minutos de atraso, ao prometido assalto avassalador. Que não durou apenas os quinze ou vinte minutos que o treinador Daniel Ramos tinha na estratégia. Foram 35 minutos de sufoco, com as oportunidades de golo a sucederem-se a um ritmo diabólico.
O golo tardou, é certo, mas percebia-se que teria de chegar, mais minuto, menos minuto. Chegou aos 34 minutos, em mais uma fantástica jogada do Rafa, concluída num auto-golo do Luís Martins. Inevitável. Pouco antes, em circunstâncias praticamente iguais, o guarda-redes conseguira o milagre de evitar o golo. E depois, já na segunda parte, só os deuses da fortuna evitaram que mais uma intercepção de uma jogada de golo acabasse na baliza do Charles.
No minuto seguinte Jonas fez o segundo. E dez minutos depois o terceiro!
Podiam ter sido mais, muitos mais, mas o resultado acabou por ficar por aqui. A exibição é que não. Foi muito mais que o resultado, a explicar, especialmente àqueles benfiquistas que na semana passada já se tinham esquecido da exibição com o Porto, que há jogos no campeonato em que não é possível jogar bem. Que a equipa joga à bola, que o futebol de qualidade está lá. Mas há jogos - campos pequenos, jogo eminentemente físico, com ressaltos e mais ressaltos e adversários, como que possuídos, a correrem atrás de tudo o que mexe - em que não é possível mostrá-lo.
A equipa hoje explicou isto muito bem explicadinho. Espero que todos tenham percebido!
Não falei da segunda parte. Mas também não há muito para dizer. Sem repetir aqueles fantástcos 35 minutos, o Benfica controlou um jogo que estava então fácil. O Marítimo pôde respirar, e sem nunca dividir o jogo - nem uma oportunidade para a estatística, que seja -, adiantou-se mais um pouco no campo. E pisou já terrenos que nunca antes pisara. Mas só isso.
Só porque Mitroglou - hoje em dia de desentendimento com o golo, desperdiçou umas cinco oportunidades de golo feito - e Salvio desaproveitaram as oportunidades que o génio de Rafa lhes entregou, é que a segunda parte não repetiu os três da primeira.
Ah... Já me esquecia... Espero também que tenham percebido que o Rafa foi - é - brilhante. E que Lindelof está de volta à sua enorme categoria. E que isso é, nesta altura, muito importante!
E que foi o jogo 100 de Rui Vitória no Benfica. E que faltam cinco. Só cinco finais!