Maior. E vacinado!
À segunda jornada, o Benfica hoje tinha no Bessa, à luz da História, um dos jogos mais difíceis do campeonato. É sempre difícil para o Benfica ganhar ao Boavista, no Estádio do Bessa, é ainda mais. O Boavista agiganta-se sempre frente ao Benfica, que tem sempre muita dificuldade em lidar com aquela entrega dos jogadores axadrezados que os transforma em autênticas carraças, naquele estilo de canela até ao pescoço.
Dado o pontapé de saída, percebeu-se logo que, do lado boavisteiro, a tradição ainda é o que era. Rapidamente os jogadores do Boavista puseram em campo todos esses conhecidos atributos. O Benfica não mostrou de imediato que trazia o antídoto, deixando que por momentos tenham passado pela cabeça dos adeptos algumas imagens que lhes ficaram de alguns destes jogos.
Aos 4 minutos o Boavista até poderia ter marcado, na primeira oportunidade de golo do jogo, e única da equipa da casa em todo o jogo. Mas a partir daí começou a perceber-se que o Benfica vinha vacinado para o jogo boavisteiro. E percebeu-se que era mesmo vacina, não era um mero antídoto. É que o Benfica pegou nos vírus do adversário e, já com os anti-corpos, partiu para a luta. No mesmo terreno e com as mesmas armas.
Não virou a cara à luta, não poupou na intensidade em cada disputa, e pressionou. Pressionou sempre, e logo a partir do guarda-redes adversário. E quando assim é, quando lutam e correm tanto como os adversários, os melhores jogadores fazem melhor. E são insofismavelmente superiores!
E, isso, o jogo começou muito cedo amostrar. À meia hora mostrava já um Benfica dominador, com o Boavista encostado à sua área, raramente conseguindo chegar ao meio campo. Safando-se como podiam, afastando a bola de qualquer maneira...
Só que aquele volume de jogo, e aquele domínio muitas vezes sufocante, não tinham correspondência em oportunidades de golo. Tudo porque o pecado maior do futebol do Benfica neste início de época continua(va) lá: a bola não chega ao ponta de lança. E quando o ponta de lança é Ferreyra, este também não a procura.
Estava o jogo nisto quando, o Ferreyra que não procura a bola, ganha a bola que nunca lhe chega, e depois faz o resto: o golo, com a qualidade que todos sabemos que tem, mas que teimava em esconder-nos. Faltavam 10 minutos para o intervalo, e o jogo passava a fazer sentido.
A segunda parte arrancou com o Benfica ainda mais pressionante, com a lição do jogo da época passada bem metida na cabeça. E então sim, as oportunidades de golo passaram a suceder-se, umas atrás das outras. Ao Boavista, que já apenas se limitava a tentar partir qualquer coisa - o quer que fosse - ao endiabrado Gedson, valia-lhe o seu guarda-redes, Helton.
Pouco passava da hora de jogo quando Pizzi - o líder dos marcadores, por esta altura - fez o segundo, depois de mais um roubo de bola, agora de Salvio, que disparou até à linha final para centrar atrasado, como deve ser.
Foi fundamental, este golo. Porque matou o jogo mas, acima de tudo, porque pôs água na fervura do jogo, com os jogadores do Boavista a bater em tudo o que mexia. E, claro, como o Gedson não parava de mexer... Pelo menos por uma vez ficou o vermelho por mostrar, numa entrada verdadeiramente assassina do lateral esquerdo do Boavista, e Rui Vitória teve mesmo de o tirar do jogo, para não correr o risco do miúdo sair de lá com uma perna partida.
O jogo . o mais sólido e consistente do Benfica, e a melhor exibição deste início de época - deu ainda para a estreia do João Felix, outro dos miúdos fantásticos do Seixal. Quase tinha dado para um golo e uma assistência, e para uma estreia de sonho. Não deu. Foi pena...