O diabo não está sempre atrás da porta. Mas os fantasmas não saem de lá!
Para o Benfica este jogo de hoje em Tondela era de tudo ou nada, absolutamente decisivo para o seu futuro neste campeonato, com tudo o que isso pesava no actual estado mental da equipa.
Os primeiros dados não eram nada animadores: chuva intensa e relvado alagado, não deixavam as melhores perpectivas para o jogo, e o apito inicial piorava-as. O tondela atirou-se ao Benfica que nem gatos a bofes, e chegou ao golo de imediato. O golo mais rápido desta Liga!
Pior. O Grimaldo foi batido que nem um principiante e foi Conti a marcar na própria baliza. Dois jogadores da defesa logo em cheque, E que jogadores... O que estava no ponto mira dos adeptos, pelas suas declarações no final do último jogo, com o Ajax; e o entra e sai, o regressado Conti, agora pela expulsão de Jardel. Cuja última imagem era a da sua participação no golo em Amsterdão.
Os jogadores do Tondela sentiam que era o momento de deixar o adversário KO, e não deixavam sair os do Benfica do seu meio campo. Valeu que Conti imitou Amsterdão, invetendo agora a ordem, e tirou da baliza o que já era o segundo. E valeu que aconteceu o que não tem sido habitual e, aos 9 minutos, na primeira vez que conseguiu chegar à área adversária, o Benfica chegou ao empate, por Jonas, a revelar uma eficácia que não mais voltaria a confirmar.
Não deu para perceber se o golo catapultaria a equipa para o ataque, à procura do segundo. Se isso passou pela cabeça dos jogadores não teve tempo de lá permanecer, porque os imbecis das tochas trataram de interromper o jogo, dando tempo ao adversário para se recompor do golpe. Tão difícil de perceber como é que estes imbecis continuam com portas abertas nos campos de futebol, é perceber como continuam a deixar entrar aqueles artifícios.
Aos poucos o Benfica começou a superiorizar-se mas, aí, regressou a falta de esclarecimento, e de categoria, na finalização, com especial relevo para o inevitável Rafa. Mas também Pizi, Cervi e Jonas.
Na segunda parte a equipa entrou melhor, e até o futebol passou a ser outro. Ao contrário do jogo directo da primeira parte, o Benfica passou a apresentar um futebol mais ligado, mais perto do padrão da equipa. O latreral direito do Tondela, para aí à décima falta, viu finalmente o cartão amarelo. E dois minutos depois, à décima segunda, cerca dos 10 minutos da segunda parte, o vermelho. E o Tondela passou a jogar com dez.
Mesmo assim, se se tivesse repetido o que aconteceu nos dois jogos anteriores, com o Belenses e com o Moreirense, e o Tondela tivesse marcado nas duas ocasiões de que dispôs, dificilmente o Benfica conseguiria fugir à sua triste sina. Nem sempre o diabo está atrás da porta...
A reviravolta chegou com o golo de Seferovic, entrado pouco antes, para o lugar de Cervi. E de novo tochas... Valeu o VAR para que as tochas não voltassem a aparecer no terceiro, que Rafa nem festejou, julgando-se em fora de jogo. Quando surgiu a confirmação da legalidade do terceiro já não era a mesma coisa...
A exibição não afastou fantasmas, o processo defensivo e a finalização continuam a fazer arrepiar os adeptos. Mas vêm aí duas semanas de interregno, que poderão fazer bem Rui Vitória...
Entretanto, em Alvalade mais do que um jogo de futebol, acontecem escândalos e(m) cadeia. Lá dentro, e lá fora ... Mas só os que estão lá fora é que vão dentro!