O outro lado do minuto 92
O Benfica chegou ao clássico sem os seus dois melhores jogadores nesta época e sem o seu melhor jogador das duas últimas: Fejsa e Grimaldo são, sem qualquer dúvida, actualmente os dois jogadores mais influentes na equipa, como Jonas foi o melhor e o mais influente na conquista dos dois últimos campeonatos. E sem Jardel. E sem Rafa. Cinco, ao todo, só para falar dos que ficaram. Porque os que sairam já só fazem parte da História, noutros lados é que ainda fazem parte das "estórias"...
Para agravar todo este negro panorama, ainda se não tinha chegado aos 10 minutos de jogo e já o Benfica perdia o capitão Luisão. Mais uma lesão!
Fosse por isso ou por outra coisa qualquer a verdade é que o Benfica não entrou lá muito bem no jogo. Deu muito espaço aos jogadores do Porto, abdicou da sua habitual pressão alta (a falta que faz Fejsa para fazer isso) e permitiu sempre que os jogadores adversários chegassem primeiro à bola e ganhassem sempre as bolas divididas. Por isso, porque o Porto recuperava a bola com muita facilidade, e muitas das vezes ainda muito próximo da baliza do Benfica, conseguiu mais volume de jogo. Muito mais ataques, mais remates e um pouco mais de posse de bola.
Mesmo assim, e mesmo com o Porto a fazer a sua melhor exibição da época, a grande oportunidade de golo é do Benfica, perto do fim da primeira parte, quando a bola bateu no poste e não entrou.
A segunda parte foi, e teria de ser, completamente diferente. Desde logo porque o Porto não conseguiria - isso é evidente - manter o mesmo ritmo e a mesma pressão. Mas como o Porto chegou ao golo logo no reinício - num frango de Ederson, também acontece - e a partir daí só quis defender o resultado, o jogo mudou mais ainda.
A novidade é que o Benfica passou para cima no jogo abdicando daquilo que é o seu modelo de jogo. Mais uma vez o efeito das muitas ausências, e mais uma vez o dedo de Rui Viitória. Já não é só o "joga o Manel", expressão que pelos vistos só se aplica na Luz. Joga o Manel e joga-se de outra maneira. Rui Vitória abdicou dos alas, e com as duas substituições que podia fazer, reforçou o meio campo - com a entrada André Horta, dando rumo à exibição de Pizzi, que até aí o não tinha, e fazendo crescer a de Samaris - e o ataque, com a entrada do Raúl Gimenez.
Não se pode dizer que o novo jogo do Benfica tenha rendido muitas oportunidades de golo. Mas encostou o Porto lá atrás. E quando assim acontece o golo começa a espreitar. Acabou por chegar ao minuto 92. Ironicamente!
O árbitro que o Porto escolheu para o jogo - foi assim, não há como fugir disso - foi igual a ele próprio: habilidoso. Artur Soares Dias é um bom árbitro, mas é sempre habilidoso. Os jogadores do Porto puderam fazer o que quiseram para ver se o penalti caía do céu. Ou para aumentar o pecúlio que os seus comentadores apresentam diariamente nas televisões. Puderam entrar sobre os jogadores do Benfica sem qualquer limite, a lembrar Fernando Couto e tantos outros do género. E até Casillas pôde perder o tempo que quis, ao contrário do Ederson, que viu logo o amarelo.
Nada de grave. Mas alguma habilidade...