Os "ses" do clássico
Mais um clássico, mais um Dia de Clássico…
Desta vez no Dragão, que pôde assistir, na primeira parte, ao melhor Benfica da sua história. Não me lembro, nesta dúzia de anos que o Dragão leva de vida, de um Benfica tão afirmativo, tão assertivo e tão mandão como foi hoje durante 35 minutos.
À excepção dos primeiros 5 minutos e dos últimos cinco da primeira parte, o que se viu foi o Benfica a mandar no jogo e a criar ocasiões de golo. Ia ainda a primeira metade do jogo a meio e já o Benfica criara três grandes oportunidades de golo. Duas negadas por Casillas, com enorme classe.
Os jogadores do Porto não sabiam para onde é que se deviam virar. E quando assim é viram sempre para o mesmo lado, para a quezília e o conflito. A primeira acabaria com Maicon – que já tinha ensinado ao Maxi como se faz – no ponto mais alto (literalmente) desse ambiente intimidativo que faz da agressão (Jonas foi um mártir) um modo de vida. Ou de jogo. Aproveitou o facto do árbitro já ter apitado para o fim da primeira parte mas, provou-o a segunda, não tinha necessidade disso.
Logo aos 5 minutos o Maxi – que bom aluno que é! – demonstrou que não havia nada a recear, que podiam repetir-se os golpes de karaté do mestre Maicon que o árbitro Soares Dias não se importava.
Poderá não ter sido por isso – mas também poderá ter sido – mas a segunda parte foi outra coisa. O Benfica não repetiu, nem de perto nem de longe o que de bom tinha feito, foi caindo fisicamente e à entrada do último quarto de hora do jogo o Porto passou a mandar claramente no jogo. Chegou ao golo já perto dos 90, numa jogada de contra-ataque que se percebeu logo que iria acabar em golo, tão flagrante que era a superioridade numérica criada.
E pronto, Lopetegui lá conseguiu ganhar um jogo ao Benfica… Um jogo que não foi de Maicons e Maxis. Teve também coisas bonitas: o abraço de Aboubakar a Júlio César, depois de um choque entre ambos, ou a atitude de Gaitan, a dar a protecção a Maxi que, percebemos depois, ele afinal não precisava. Terá sido por isso, por saber que não precisava, que nem ficou agradecido. E teve uma verdadeira curiosidade: qual é jogador – qual é ele – que pode chegar a esta altura da época sem ter competido num único jogo e dar confiança a um treinador para um jogo desta importância?
Claro: é André Almeida! Nenhum outro jogador é capaz de tal coisa. E de jogar bem… até poder. Porque não há milagres.
Não há clássico sem ses. E este tem dois: se o melhor Benfica tivesse podido contar com o melhor Gaitan, tudo teria sido diferente. E se o árbitro do Porto tivesse expulso – como não poderia deixar de fazer – o Maicon, no final da primeira parte e o Maxi, aos 5 minutos da segunda, como é que teria sido?
Ah… E o André André é um grande jogador, e está em grande forma Parece-me que há ali dedo do Rui Vitória… Ou não?