Pontapés na gramática moral
Já vi Jorge Jesus irascível, gozando com os treinadores adversários ao mostrar-lhes os dedos de uma mão, dançando, e até o vi resgatar um adepto das garras da polícia, em Guimarães, mas nunca o vi meter um dedo no olho do treinador adversário, nunca o vi partir para o insulto pessoal dizendo que o seu colega de profissão tinha um neurónio nem nunca o vi romper camisolas de jogadores contrários. De modo que o recente ataque de José Mourinho a Jesus - que decidiu interpretar mal as palavras do técnico do Benfica -, é baixo, desprezível, de alguém que dá calinadas em inglês e acusa outro de pontapear a gramática portuguesa, de alguém que apesar de ser bom naquilo que faz, é egocêntrico, incompatibiliza-se com colegas de profissão, futebolistas, directores, jornalistas e vive rodeado de uma legião de pedantes e bajuladores.