Uma questão de agenda
Mais um jogo fora, mais uma vez a confirmação de um Benfica de duas caras: uma para dentro, para apresentar na Luz, digna mais bela princesa das histórias de encantar, e outra para fora, a lembrar as bruxas más. Feias, assustadoras…
Hoje não chegou a tanto, mas durante uma hora pairou no Restelo, cheio de colinho, o fantasma da bruxa má... de Vila do Conde. Não foi tudo igual, valha a verdade, mas houve algumas semelhanças, a começar pelo golo madrugador, que até já parece mau presságio. Foi diferente – tinha mesmo de ser diferente – a atitude dos jogadores do Benfica. É verdade que não foi o caso de Olá John – estamos sempre a dizer que terá desperdiçado a última oportunidade, mas nunca é a última – mas uma andorinha não faz a Primavera. E foi muito diferente a eficácia: no primeiro remate à baliza (enquadrado com a baliza), logo no início do jogo, surgiu o primeiro golo; o segundo, já com uma hora de jogo, deu no segundo golo. Ambos de Jonas, ambos excelentes…
O segundo golo sim, desbloqueou o jogo. Não acabou com o jogo, mas levou-o para outro registo, bem mais favorável ao Benfica. É que não foi só o golo, foi também a hora de jogo que ficara para trás a deixar mossa na equipa de Belém, e a diminuir-lhe a resistência. A partir daí , na última meia hora, o resultado deixou claramente de estar em risco. Em risco só mesmo Samaris, que Jesus tardou em poupar. Por boa causa, deve dizer-se. Porque quis dar prioridade à substituição do Olá John, mesmo que lhe não sirva de lição…
Falar deste jogo é falar de tudo isto. É dizer que o Belenenses foi um adversário muito complicado, que se bateu sempre muito bem, mesmo quando as forças começaram a faltar e com boa organização táctica. Mas é também dizer que, quando durante toda a semana os media quiseram dizer que o Belenenses estaria impedido de apresentar sete ou oito jogadores com ligação ao Benfica afinal, só Rui Fonte não jogou. Dos sete ou oito apenas um - um único -, e por razões bem explicadas pelo seu treinador, não jogou!
Não houve nenhuma gastroenterite, nem ninguém se lesionou a subir para o autocarro. Não deixa de ser curioso que quem se não incomoda nada com esses desarranjos intestinais e essas lesões à entrada do autocarro tenha alimentado a novela toda a semana. Não deixa de ser notável que o anterior Presidente do Belenenses, que não tem vergonha de ter deixado o clube no estado em que deixou, nem de entregar a SAD a uma figura como Rui Pedro Soares, tenha a esse propósito vindo reclamar vergonha aos benfquistas. Nem deixa de ser confrangedor que tema dos jogadores emprestados só entre na agenda mediática quando o Benfica joga com o Belenenses. E depois… oops… Só um, apenas um não jogou. E… oops… por opção do treinador. E muito bem explicada…