O jogo de hoje na Luz iria sempre ser histórico. Pela primeira vez um clube assumia a responsabilidade de transmitir um jogo do campeonato nacional pela sua própria televisão. Era a primeira transmissão da Benfica TV de um jogo do campeonato nacional, cortando definitivamente com o eterno monopólio de Joaquim Oliveira. E, começando por aí, cumpre elogiar, elogiada que há muito está a decisão, a transmissão, um trabalho de grande qualidade e profissionalismo. E de grande independência, com o profissionalismo a que o Hélder Conduto já nos habituou, a pedir meças à concorrência. De tal forma que nem uma arbitragem de fraquíssima qualidade de um dos mais incompetentes árbitros nacionais, que prejudicou grandemente o Benfica, mereceu qualquer reparo…
Mas será certamente histórico por outras razões. Não tanto pela forma épica como o resultado foi invertido, com dois golos em dois dos quatro minutos de compensação, mas pelo que essa reviravolta poderá significar. E pelas manifestações que provocou!
Não adianta sequer falar muito do jogo que, na realidade, não surpreendeu muito. O Gil jogou como se esperava que fizesse, mesmo que não tivesse enveredado por uma estratégia ultra-defensiva e mesmo que nem tivesse tido necessidade de, à sua escala e nesse modelo, jogar bem. Também o Benfica não conseguiu superar as expectativas, bem baixas por esta altura.
A pedaços – pequenos – o Benfica jogou com alguma qualidade, o suficiente para criar muitas oportunidades de golo que especialmente Lima e Rodrigo iam desperdiçando. Mas nem foi constante nem nunca chegou a ser brilhante!
Não é pois pela exibição que se poderá esperar que hoje tenha sido o dia D, de mudança. É pela mensagem de união que saiu de dentro da equipa, é pela nota que a equipa quis dar de estar com o treinador, e é ainda pela inédita atitude de Jesus com Maxi Pereira. Corresponda tudo isto à realidade ou não passe tudo isto de uma grande encenação!
Tenho algumas dúvidas que os jogadores estejam assim tanto com o treinador. Tenho as mesmas dúvidas que Jorge Jesus se comporte agora com todos os jogadores como se comportou hoje com Maxi Pereira. Não sou um crente destas coisas, mas também não é isso agora o que mais conta. O que conta é que todos, jogadores e treinador, tenham tomado consciência que a coisa não está para braços de ferro, que não há nada para forçar, que, se são estes jogadores e este treinador a ir até ao fim, têm todos que se comportar dentro dos padrões de respeito que a grandeza do Benfica exige.
E não há dúvida nenhuma que, mesmo que não morram de amores uns pelos outros, o sentimento que hoje todos manifestaram é um forte contributo para o espírito de equipa indispensável ao sucesso. Que o carinho e apoio que os colegas dispensaram ao Maxi, seguindo o mote dado pelo treinador - um indicador que contrasta com o que se viu no passado com Ola John, Carlos Martins ou Enzo Perez – revela grande solidariedade e um espírito de balneário que se dava por perdido.
Claro que é especulativo dizer que isto se deve ao facto Luís Filipe Vieira ter dado à costa. Mas não há grandes dúvidas que, sendo o presidente o responsável pela inaceitável continuidade de Jesus, era mais inaceitável ainda que agora se escondesse, que não deixasse claro que o treinador não ficaria abandonado e cada vez mais fragilizado. É verdade que não deixou nada disso assim tão claro, como se percebeu ao voltar a agitar o fantasma de Fernando Santos, mas basta dizer qualquer coisa… E aparecer, mesmo que tarde e a más horas!
Mesmo que não queira perceber que são benfiquistas que sofrem aqueles que hoje estão descontentes com a sua gestão. São benfiquistas dos 83% que o elegeram, dos que enchem o estádio, dos que pagam as quotas e dos que deitaram fora o comando…