O eterno problema do discurso
O Benfica apurou-se para os oitavos da Liga Europa, depois de nova vitória, agora na Catedral, sobre os alemães das aspirinas, deixando o Jorge Jesus como que em estado bipolar.
A coisa chegou a estar feia, especialmente na primeira parte. E os primeiros minutos da segunda parte não auguravam nada de melhor… Às duas bolas no poste da primeira parte seguiu-se, na parte inicial da segunda, um golo que não viria a valer, anulado por um fora de jogo bem menos evidente que o do João Moutinho, que deu o golo que valeu… a vitória sobre o Málaga. Sendo em fora de jogo, o golo da equipa alemã não podia valer, porque, como os homens, os foras de jogo não se medem aos palmos. Assinalam-se. Mas nem todos, como se sabe!
Quer isto dizer que o Benfica teve alguma sorte? Sim, teve. Mas seria um crime de lesa futebol que uma equipa que marca dois golos como o do Cardozo, na Alemanha, e o do Ola John, há pouco, fosse eliminada. E – francamente – o Benfica demonstrou ser melhor que o Bayer Leverkussen. Grande parte dos jogadores do Benfica é melhor que os que trazem a marca da aspirina ao peito. E quando a equipa deixou de estar atada ao discurso do seu treinador soltou o seu futebol e mostrou claramente a sua superioridade. E no fim de contas acabou com mais oportunidades de golo que o adversário...
Não bato mais no ceguinho, mas o discurso de Jorge Jesus é simplesmente lamentável. O que é que interessa o que interessa mais? Como é que se pode desvalorizar uma competição e, ao mesmo tempo, injectar ambição - o dínamo das vitórias – nos jogadores? Como é que se pode reclamar de favorito a uma prova de que sempre diz não ser prioritária, que só estorva? Como é que se pode motivar uma equipa para uma competição quando se diz que ela inviabiliza o objectivo principal? O objectivo principal é isso mesmo, o mais importante entre vários, se não seria único!
Dizer que quem primeiro sair das competições europeias é que ganha o campeonato é tão disparatado como estar neste momento a enviar mensagens de motivação para os jogadores do Paços de Ferreira. Para apelar à presença do público no próximo jogo com o Paços seria preciso dizer que é tão importante como os jogadores? Que vai ser preciso o seu apoio porque a equipa vai passar por dificuldades? Os adeptos conhecem bem as dificuldades por que a equipa passa, não precisam de alertas públicos que motivem os adversários!
Definitivamente: não há ninguém que ensine o básico, os mínimos da comunicação a este homem?
Ai se ele não soubesse só de futebol…