Não há jogos perfeitos. Mas alguns estão lá perto!
Regresso à Luz, mais de três semanas depois, já bem dentro do tal ciclo infernal. O dia e a hora não eram os melhores para mais uma grande casa, e o tempo também não ajudava. Mesmo assim, quarenta e dois mil a apoiar a equipa!
Sim, a apoiar. Pecebeu-se isso logo no início do jogo, quando o Gabriel, displicentemente ou por erro de cálculo, ainda dentro da área, ao tentar jogar com o guarda-redes, entregou a bola a um jogador do Boavista que fez aquilo que, de propósito, dificilmente faria: acertou no poste. Havia sete minutos de jogo, o Benfica ainda não tinha pegado na partida e, em vez de protestos e assobios, das bancadas vieram aplausos de incentivo.
E a equipa respondeu à altura. A prioridade tantas vezes anunciada pelo Bruno Lage - a reconquista ... dos adeptos - está a dar resultados. A partir daí o Benfica desatou a jogar à bola, e não mais parou.
O primeiro surgiu quase de imediato, num livre batido por Pizzi e concluído de cabeça, em grande estilo, pelo puto-maravilha.
O jogo não saía da área dos axadrezados, era ali que tudo se passava. Cada perda de bola, tinha por certa a recuperação imediata. E mais cantos ... E mais uma oportunidade de golo, e outra, e outra...
Golos, é que ... só um. Ainda antes da meia hora, por Pizzi. A bola não quis entrar mais nenhuma vez naquela baliza. Havia sempre mais uma perna, e quando não havia perna, havia um guarda-redes que até tem nome de guarda-redes. E quando já não havia tudo isso, estava lá o ferro da baliza...
O intervalo não chegaria sem que o incrível acontecesse. Num canto, o primeiro para o Boavista, mesmo à beirinha dos 45 minutos, um ressalto e ... bola dentro da baliza de Odysseas. Não é a primeira vez que isto acontece. Nem será a última!
No regresso para a segunda parte parecia que as duas equipas tinham sentido aquele golo. O Boavista apresentou-se mais subido, e quando parecia que o Benfica iria conhecer algumas dificuldades, o João Félix arrancou por ali fora e deu para o Seferovic fazer o terceiro golo. A reacção axadrezada morreu logo ali, e os dados da primeira parte foram de imediato repostos.
Seferovic voltaria a bisar, desta vez na recarga a um remate de Pizzi e, a cinco minutos do fim, a obra prima do jogo: Gedson, que substituira o Pizzi, à entrada da área desenvencilha-se de dois adversários e enterga a bola a Grimaldo na esquina da área. De primeira, num remate fabuloso, o lateral esquerdo colocou a bola em curva e em arco, tudo ao mesmo tempo, no àngulo superior esquerdo da baliza do guarda-redes do Bessa.
Para tudo ser perfeito e acabar em beleza, ao minuto 90 o Samaris imitou o portista Oliver e o árbitro, Rui Costa, assinalou penalti. Bem marcado pelo veterano Mateus, com a bola rasteira e completamente puxada ao poste direito do Odysseas. Que numa incrível e espectacular estirada defende, para canto.