Sem saudades
Confesso que não tinha saudades de ver o SLB do tempo do Balboa...
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Confesso que não tinha saudades de ver o SLB do tempo do Balboa...
Fico satisfeito que não passe pela cabeça de nenhum dirigente ou treinador que os jogadores do FC Porto na origem dos golos do Atlético sejam de alguma forma alvo de retaliação. Passar, passa, já que se fala nisso. Mas não faz sentido. Em mil noites conseguidas de Helton, uma pode não ser tão conseguida. E em quinhentas boas prestações de Mangala, uma ou duas podem ter bicho.
Já os efeitos desmoralizadores do perdão plenário a Cardozo pagam-se caro no SLB porque se fazem sentir na insegurança, irregularidade e insolência competitiva no plano internacional lá, onde a tal motivação deveria ser natural e automática, traduzida em altíssimo rendimento, o que não se viu. Mas a readmissão de Cardozo representa tão somente isto: Jesus perdeu mão na equipa. Desrespeitado por um, impotente com os demais. Antes do início da época, a questão mal resolvida Cardozo era um veneno para a estabilidade competitiva do balneário. Agora, o veneno é Jesus. A autoridade do treinador está minada. Lei da gravidade e da vida.
Esta época tem sido completamente atípica no que ao acompanhamento do GLORIOSO diz respeito. Se há anos em que não perco um jogo, esta temporada ainda não consegui ver nenhum, isto no sentido literal.
Pois bem, hoje, em dia de reflexão, dei por mim dedicado à bolinha. Vi o Chelsea, depois um jogo de futsal de miúdos e lá me sentei no corner vermelho para acompanhar o GLORIOSO na BENFICA TV.
Ainda dei pelo passar dos 10 minutos. Estava o jogo empatado.
Acordei aos 90 com ele empatado.
Estive completamente fora de jogo e não apareceu nenhum sócio do SLB para me acordar - se calhar tinham ido todos para o museu.
Hilariantes foram os acontecimentos da jornada deste fim-de-semana.
No prólogo da mesma, Jesus, esse justiceiro da arraia e da grei bem comportada começa por enfatizar os benefícios dos adversários lamentando-se da injustiça dos homens do apito.
As consequências não se fizeram por esperar e Xistra (o árbitro mais conhecido dos três envolvidos nos jogos dos grandes) não viu um penalty imenso, viu Jesus. Sentiu as palavras do profeta grisalho e deixou seguir a viagem dos dois pontos para o outro lado da circular.
Depois, no berço da nação, o banho táctico de Siqueira: um belo discipulo do Maxi que consegue escapar-se à expulsão inexorável tamanha foi a qualidade agressiva da estrela do Granada. O dedo de Jesus superlativou-se tacticamente com a expulsão do lateral do Guimarães. Viu-se muito disto no ano passado justamente em Guimarães, em Braga e em tantos outros jogos em que o SLB jogou contra 10. Aquele árbitro (bastante conhecido) estava particularmente nervoso e até vestia de azul. Se calhar era PSP. Esses que têm andado a prejudicar o Benfica desde os tempos do Abel...
Confesso que, depois do que vira antes, estava com algum receio do jogo na Amoreira. Fiquei a conhecer um novo árbitro de Vila Real e pensei que já não bastava a qualidade do Estoril, teríamos que ultrapassar a tacicidade do trio de arbitragem. E foi assim que Pedro Henriques começou por ver uma falta de Otamendi que, na verdade, deveria ter estendido um tapete vermelho ao avançado do Estoril. Tanto bateu na tecla o Pedro Henriques, esse expressivo comentador da Sporttv que já enviou o currículo à BenficaTV, o que levou o OTA a dar uma mãozinha. Aí o árbitro teve uma visão (a mesma do Xistra), com a particularidade de permitir a extensão das linhas. Depois, o segundo golo do Estoril. Um fora de jogo (difícil de avaliar no estádio), mas claríssimo nas imagens (apesar do comentador supracitado precisar de ver melhor a posição de Mangala). Na verdade, o avançado do Estoril está à frente de Mangala e beneficia do offside para fazer golo.
Parecia a Paixão de Barcelos (a última derrota do meu Porto), mas vá lá. Desta feita trouxemos um pontito...
Olho por olho, dente por dente, a onda profética trouxe os seus frutos e nada pode estar acima do SLB, nem mesmo a PSP!
Parabéns ao Cardozo pelo excelente golo que marcou e ao agente da autoridade que manteve a calma naquele episódio deplorável no final do jogo de Guimarães...
E agora? A expulsão do lateral vimaranense já vai benefeciar o Porto?
Hélder Rodrigues
Este ano está a ser complicado. Não tive ainda oportunidade de ver um jogo do SLB sentadinho no meu canto. Se vos tiver acontecido o mesmo, aqui fica o resumo, sendo que chamo a sua especial atenção para o minuto 68 - é exemplar do que é o futebol em Portugal:
Este é o tipo de golos - o do 2º golo do SPORT LISBOA E BENFICA - que faz acreditar um adepto. Muito bom!
A entrevista de Cardozo ou, melhor, os pedidos de desculpa de Cardozo, chegam com, pelo menos, dois meses de atraso. Sejam eles lá o que forem, mesmo que encomendados, vêm muito atrasados.
Não resolvem nada?
Provavelmente não. Costuma dizer-se que mais vale tarde do que nunca. No caso desta encenação nem isso!
Vale que alguém reconheceu que errou. E não foi o Cardozo...
A nação benfiquista não anda feliz. Nota-se por todo o lado, até por aqui!
Nunca fizemos, nós os benfiquistas desta vossa casa, uma ausência destas. Nem nada de parecido…
Pela minha parte, depois de expressar os meus pontos de vista relativamente à renovação de Jorge Jesus, e de ver que, quem manda, mandou de forma diferente; e depois de denunciar a imprudência da contratação daqueles sérvios todos e o perigo de um novo conflito balcânico, agora em pleno balneário do Seixal, achei por bem meter a viola no saco.
Tirei-a agora porque também não é preciso exagerar. É que, para além de, também eu, não andar muito feliz, também não estou amuado. Não sou de amuar…
Mas também não posso deixar de dizer que não estou nada entusiasmado com este defeso. Não estou nada entusiasmado com as contratações. Não me parece que os dois laterais que vieram emprestados nos tirem o pé do lodo. Não há defeso sem negócio com o Atlético de Madrid, e não há negócio com o Atlético de Madrid que me convença. Bem sei que também não aplaudi o do ano passado e que, depois, dei a mão à palmatória. Corro o risco de o voltar a fazer, mas nem isso me impede de continuar a desconfiar desses negócios que se repetem todos os anos…
Não gosto nada de ver partir todos os miúdos que por lá cresceram. E que de lá saem - por sucessivos empréstimos ou por simples descarte, sem honra, nem glória, nem dinheiro – sem que nunca lhes tivesse sido dada uma verdadeira oportunidade. Foi o Miguel Vítor, que depois de empréstimos e mais empréstimos, disse adeus a treze anos de Benfica. Foi o Miguel Rosa, que, ou muito me engano, ou tem tudo para merecer ter futuro na equipa. Foi o Nelson Oliveira que, ou muito me engano, ou perdeu já todo o futuro que chegou a ter. Já só ficam o André Gomes - pelo que se viu na época passado, sem grandes oportunidades também – e o André Almeida, que nunca poderá evoluir sendo apenas utilizado como pau para toda a obra.
Nem gosto de ver a incompetência que criou o caso Cardozo. Um assunto que reclamava tratamento por pinças, com muita competência. Mas não, na primeira oportunidade que teve para falar, Jorge Jesus arrumou logo com o assunto: “comigo não joga mais”! Pode ser que aos cinco para a meia-noite de 31 de Agosto, os turcos apareçam a oferecer pouco mais de metade do que até agora ofereceram. Mas, claro, há sempre o Atlético de Madrid: os amigos são para as ocasiões…
Também não gosto de ver o Carlos Martins na equipa B. De castigo!
O Carlos Martins da época passado é o mesmo de sempre. É e sempre foi assim, instável e irregular. Não era ele que devia estar de castigo. De castigo deveria estar quem lhe renovou o contrato!
Não sei se será por estas razões que a nação benfiquista não anda feliz. Mas estas são razões suficientes para que eu não ande lá muito entusiasmado…
Fui sempre um crítico de Jorge Jesus, o que nunca me impediu de lhe reconhecer muitos dos seus indiscutíveis méritos. Mas não é sobre os seus méritos e deméritos que hoje pretendo aqui discorrer, sobre isso já muito escrevi. De só saber de futebol, de que resulta nem de futebol saber, da (in)capacidade de comunicação, da gestão do plantel, da capacidade de valorizar de jogadores, mas também de desvalorizar, das apostas bem sucedidas, mas também das que não passam de teimosia, da falta de senso e de equilíbrio – mais do que de humildade - que acaba em arrogância…
É para dizer que, ao contrário da opinião dos meus colegas benfiquistas deste blogue, há muito que entendo que o seu contrato não deve ser renovado. Começo por dizer que, sendo incomum, não é absurdo que um treinador que ganha tão pouco como Jesus ganhou tenha contado, quatro anos depois, com um apoio tão esmagadoramente maioritário. Esse apoio justifica-se, antes de tudo, pela História recente, marcada pela hecatombe por que o clube passou nos consulados de Manuel Damásio e Vale e Azevedo, que hipotecou duas décadas da vida do Benfica. E, depois, porque foi Jesus que devolveu o bom futebol ao Benfica, e com ele a aproximação ao Porto e a capacidade de fazer sonhar os benfiquistas. A ilusão de que o sucesso está próximo, de que para o ano é que é, é maior que as desilusões destes últimos três anos, e por isso lhe perdoam os erros que estão por trás dos sucessivos inêxitos.
Estou em crer que a decisão da renovação de Jesus, se exclusivamente baseada em critérios de racionalidade, teria de passar pela resposta a uma questão central. Que é a de saber se o patamar que o futebol do Benfica atingiu com Jorge Jesus, o mesmo que o Porto há muito atingiu, é obra exclusiva de Jorge Jesus. Se tudo o que tem envolvido o futebol do Benfica está nas mãos do treinador ou se, pelo contrário, corresponde ao desenvolvimento de uma estrutura que acompanhou, mas não se deixou substituir, antes se afirmou com Jesus.
Parece que a resposta seria clara: se este patamar é obra do treinador, é a prova que é indispensável. É verdade que não ganhou, mas se sair tudo terá que ser recomeçado do zero e, em vez de poder ganhar já para o ano, vamos ter de voltar a esperar – algo que não aconteceu com o próprio Jesus, que apenas ganhou no primeiro ano, mas que é opinião respeitável. Ao invés, se a resposta fosse contrária, se a estrutura do Benfica é capaz de manter o futebol da equipa neste patamar, a função de Jesus estaria cumprida e seria hora de mudar de treinador.
Sucede que se a estrutura do futebol do Benfica nada tem a ver com o crescimento do futebol, se todos os méritos são de Jesus, só pode ser incompetente. Não há treinadores que cubram uma estrutura incompetente… e não é Ferguson quem quer!
Claro que, depois de perdida também a Taça, é mais fácil não renovar com Jorge Jesus, e a maioria que ontem reclamava a renovação do contrato será hoje uma imensa minoria. E no entanto a exibição e a derrota da final da Taça não trouxe nada de novo para cima da mesa. Nada do que se passou foi novo… Foi uma equipa imatura, que não sabe controlar um jogo. Que, se não tem condições para o jogar em alto ritmo, já não o sabe jogar. Uma equipa mentalmente destruída, sem motivação, sem querer e sem crer E esse é outro dos pontos fracos de Jesus: o trabalho mental e motivacional. Não aprendeu, já não aprende!
Jesus não tem condições para continuar. Perdendo como perdeu, perdeu autoridade de continuar a dizer qual é o caminho para o futebol do Benfica. Se não resultou, quem acredita que venha a resultar?
Quem também chegou ao fim da linha é Cardozo. Pelo episódio que protagonizou no Jamor mas, para além disso, porque condiciona em demasia o jogo da equipa. Prende a equipa, bloqueia-a e limita-a. E não é jogador para ser suplente, entrar e resolver um jogo.
Tal como a Jesus, estamos agradecidos pelos seus préstimos. Mas é hora de virar a página!
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