O grande desafio
Chegou ao fim a rábula da renovação de Jorge Jesus. Luís Filipe Vieira, ao que parece contra tudo e contra quase todos, decidiu manter-se fiel à palavra dada – não posso admitir que se tenha sido pelo medo do que poderia acontecer se ele fosse para o Porto – e assinar novo contrato de dois anos com o treinador que, para uns não ganhou praticamente nada e, para outros, fez o que há décadas nenhum outro fazia no Benfica.
Não chegou ainda ao fim a que, com idêntico texto mas intérpretes diferentes, continua em cena no Porto. A deixar perceber que se tratou de um daqueles jogos se prolongam, prolongam e teimam em não acabar antes que seja dado o apito final no outro, de cujo resultado está dependente, mas, acima de tudo, a confirmar que Pinto da Costa até pode continuar com grande jogo de cintura, com grande capacidade de manobra na intriga e no faits divers, mas os anos não perdoam e já não é tipo para grandes feitos. Ainda cobriu - pondo-lhe em cima mais meio milhão (e um prémio pela champions, mas isso era conversa de embalar) - os quatro milhões de euros anuais que passam do contrato anterior para este que agora liga Jesus ao Benfica por mais dois anos. Mas acabou por desistir, continuando a deixar Vítor Pereira ligado à máquina.
Sou dos que achavam que não havia condições para Jesus se manter no Benfica. Por todas as razões que por aqui apresentei, e por mais outras tantas que não quis sequer chegar a apresentar. O desenrolar da rábula não melhorou nada, antes pelo contrário!
Mas, nestas como noutras coisas, quando não há condições têm que se criar. É o que agora terá de acontecer: Luís Filipe Vieira terá que criar as condições que não há, certamente um dos maiores de todos os desafios que já teve pela frente!
Não vai ser fácil mas, pela minha parte, vou acreditar que o consiga fazer. Começando por resolver de vez o problema do lateral esquerdo. E, já agora, também do direito. E por encontrar um substituto à altura para Garay. E outro para Gaitan. Que certamente vão partir. E por descalçar a bota do Cardozo, salvo seja. E a do Rúben Amorim. E por não deixar morrer o Nelson Oliveira, e retirar o Rodrigo de coma… E por evitar que, pese embora tanto sérvio, aquele balneário se não balcanize de vez…
Talvez Rui Costa possa dar um jeito. Parece que finalmente alguém se está a lembrar disso!