O Dragão, a Raposa e o Abutre
Bem que podia ser mais uma fábula de Esopo, mas não é. Se calhar até seria interessante, porque muitas delas ostentam moralidades que muita boa gente precisa de ler e ouvir!
Porém, centremo-nos, caro leitor, nesta noite de gala no Dragão. Não custa nada assumir que o Leicester não trouxe as melhores unidades, mas acredito veementemente que viesse quem viesse não passaria no Dragão.
Na sequência do jogo com o Braga para o campeonato, o FC Porto continuou a plasmar em campo o seu velho paradigma. Um Porto dominador, por vezes avassalador que não deu quaisquer hipóteses ao adversário. Para isso muito contribuíram Oliver que parece estar ainda mais solto sem o Octávio a seu lado, Brahimi cujo golo merece ser dedicado a Madjer e sobretudo um espectacular Corona que marcou o golo da noite. Com efeito, está mais que visto que quando se aposta nos melhores em campo obtém-se o melhor em termos de resultado.
Está mais do que visto que as equipas que vestem de vermelho no Dragão se encolhem perante a supremacia azul e branca.
Esta é já a defesa portista que está há mais tempo sem sofrer golos no século XXI, sendo apenas equiparada com o Porto de 98/99 do século passado. Isto vale o que vale. Mas, depois de tantos minutos contados para acicatar a pseudo desgraça do FCP, agora dá-nos um certo gozo falar destas coisas.
Fica a ideia que a equipa já ultrapassou o cabo das Tormentas, mas nada está ganho. É já no próximo Domingo por terras de Santa Maria da Feira que a equipa deverá estar à altura em Dia de Derby lisboeta.
Valeu a pena ter despachado com cinco estrelas as raposas de Leicester naquele que foi o melhor resultado de sempre de uma equipa portuguesa sobre equipas inglesas.
Apesar de agora se falar pouco nisto (só se fala quando o Porto não ganha), é uma pena os pontos perdidos pelas equipas portuguesas na Europa por causa do ranking.
O Sporting esfumou-se na Europa do futebol e os adeptos já não precisarão de gastar mais saliva em jogos europeus. Com 5 derrotas na fase de grupos nem as vitórias morais muito agudizadas na segunda circular são suficientes para relevar o descalabro.
Já no Benfica, JJ foi sempre muito frágil nesta competição. Recordo uma vez que as águias só passaram para a Liga Europa por causa de um miraculoso golo do Hapoel de Telavive (que tinha goleado o SLB em Israel por uns expressivos 3 a 0) em cima do minuto 90.
O mesmo se passou este ano. Os parcos 8 pontos foram suficientes, não obstante os 11 golos sofridos nesta fase da prova. Valeu-lhes mais uma vez equipas terceiras que, surpreendentemente, conseguiram apurar um SLB sem brilho.
Como tal, o prestígio europeu do Futebol Clube do Porto tem corrido décadas e já são doze as vezes que os azuis e brancos chegam aos oitavos de final na Liga dos Campeões.
Oxalá, o sorteio seja favorável para que possamos sonhar como em 87 e 2004...
Força, Porto!!!!
Hélder Rodrigues
Créditos fotográficos de Raurino Monteiro