Sabendo, pela experiência dos jogos que tem feito em casa neste início de época, que o primeiro golo é a chave do sucesso, o Benfica entrou a todo o gás no jogo de hoje com o Paços, com o objectivo bem nítido de encontrar essa chave bem cedo.
Só que foi sol de pouca dura. À passagem do primeiro quarto de hora já parecia que tinha desistido… Não terá sido por opção própria que abandonou aquele ritmo asfixiante dos primeiros quinzes minutos de jogo, até porque – bem o sabemos – não é fácil manter estes ritmos diabólicos por muito tempo. Mas não foi só isso!
O Paços teve culpas. E grandes… Resistiu como pôde a esses 15 minutos avassaladores, com faltas de toda a maneira e feitio, e algumas bem feinhas, chutando para onde estavam virados e cedendo cantos uns atrás dos outros. Mas depois conseguiu começar a respirar, organizou-se e começou a subir no terreno. A subir muito, a pressionar a saída da bola do Benfica, onde quer que fosse, e a complicar o jogo ao Benfica.
O antídoto para o tipo de jogo que o Paços impunha em campo passa por aquilo que tinha sido a imagem de marca do futebol do Benfica nos últimos anos, aquilo que em futebolês se chamam transições rápidas. E que se percebe que perdeu. Não sei se é uma ideia abandonada, assim como quem atira fora uma ferramenta que acha que já não precisa. Mas sei, porque se vê, que falta a muitos jogadores a velocidade de execução e a qualidade do passe e de recepção, que são o factor crítico de sucesso das transições rápidas.
Sem este antídoto – em todo o jogo o Benfica conseguiu por uma única vez uma transição ofensiva capaz de fazer lembrar o ano passado, e foi desperdiçada por Mitroglou, que ao contornar o guarda-redes permitiu-lhe desviar a bola do golo – valeu mais uma vez a classe dos dois mais categorizados jogadores da equipa. Primeiro, Jonas, a fazer do golo uma obra de arte. Sublime, pouco passava da meia hora de jogo, a fazer o resultado ao intervalo. Porque, pouco depois num remate com a mesma espantosa execução, a bola não quis voltar a entrar.
A segunda parte - pese sempre o grande desequilíbrio na posse de bola (75% para o Benfica na primeira parte) - não foi muito diferente. Até ao segundo golo, o primeiro de Gonçalo Guedes na equipa principal do Benfica, a meio da segunda parte.
Um golo que matou de facto o jogo e que tem história: porque resulta de uma nouance táctica (Gonçalo Guedes a jogar mais por dentro, com a ala toda entregue ao outro miúdo, Nelson Semedo) e porque surge em circunstâncias anteriormente ensaiadas, sempre com o remate do miúdo a bater numa das muitas pernas que ocupavam aquela zona central da entrada da área. Voltou a bater numa dessas pernas, só que desta vez, ao contrário de todas as outras, seguiu o caminho da baliza.
Curiosamente também o terceiro golo, de novo de Jonas, sete minutos depois, foi uma jogada (Gaitan-Guedes-Jonas) a papel químico de uma outra poucos minutos antes.
No fim ficou um jogo que, apesar da boa imagem que o futebol do Paços deixou, bem poderia ter registado mais uma das goleadas da Catedral. Oportunidades não faltaram!
Diz que os outros dois empataram… Fizeram eles bem!