Verdades inconvenientes
"Continuando a falar de cenas pouco dignas que se vão passando no futebol português, abordarei agora as ações, costumeiras, de um certo dirigente de um clube a norte, que se envolveu com o presidente da A.F.Lisboa, como há uns meses o havia feito com o presidente do Sporting, como o fez com alguns jornalistas e como, há uns anitos valentes, o tentou fazer comigo. De resto recordo o que se passou comigo em certo campo de futebol, a norte, numa tarde em que César Brito marcou dois golos e eu, que fazia a narração do jogo para a melhor rádio onde me deixaram trabalhar, o CMR. Nesse dia, perante a passividade da PSP dessa cidade, não fosse o famoso guarda Abel ter saído em minha defesa e hoje eu não estaria aqui. Tudo porque duas semanas antes, o tal dirigente, que na época se dedicava à secção de andebol, me ameaçara, como fazia a todos os jornalistas só que 'mano a mano' não foi tão corajoso e nunca pensou que um puto Mouro se fosse a ele como 'cão em vinha vindimada'...na semana seguinte minou a coisa mas mesmo assim não levou a melhor. Na época nenhuma voz se levantou em minha defesa, e muito menos a de nenhum camarada de profissão, pelo que, desde que vi, eu e milhões de espectadores, um certo repórter da RTP levar na 'corneta' em pleno relvado e depois vir a terreiro dizer que nada havia acontecido, deixei de me preocupar...em alguns só perdem as que ficam no chão. Nos tempos de um certo presidente do meu Benfica também se começou a atiçar alguns adeptos, que hoje dizem mal do dito presidente mas que na altura faziam o trabalho sujo com os jornalistas. Numa dessas vezes, os 'meus' camaradas fugiram para a sala de imprensa por causa das bocas e eu, tranquilo, saltei a vedação que separava a zona das cabines do antigo estádio e desatei ao pontapé e à cabeçada aos dois artistas que, pensavam eles, podiam chamar tudo a quem estava a trabalhar honestamente. Levaram na 'corneta', à séria, só que desde esse dia passei a ser escoltado pelos 'Men in Black' do dito presidente que passavam os jogos a provocar-me na bancada quando eu ia com a minha filhota ver os jogos...se Portugal fosse um Estado de direito, à séria, gentinha como essa que agora se insurge contra o presidente da A.F. Lisboa, incluindo os velhos gágás, já tinham sido afastados do desporto mas enquanto os políticos tiverem medo desta gente isto só acabará quando a Dona Morte se lembrar de os levar...e já tarda..."
José Carlos Soares, jornalista