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Dia de Clássico

Visto da bancada Sul

Dia de Clássico

Visto da bancada Sul

02
Dez17

Um clássico com várias caras

Eduardo Louro

 

O Benfica entrou no clássico, no Dragão, personalizado, tranquílo e confiante. De tal forma que os primeiros cinco minutos foram praticamente jogados na grande área portista. Veio de resto daí a única oportunidade de golo da primeira parte, num remate de cabeça de Jonas, desviado atabalhoadamente pelo guarda-redes do Porto.

O Porto lançou mão do seu plano B, também conhecido por plano Champions, recolhendo-se lá atrás, para depois sair em contra-ataque, lançando os seus dois panzers - Marega e Aboubakar. Quando se vê o Sérgio Oliveira na equipa percebe-se logo que é esse o programa. A primeira meia hora foi assim, com o Benfica a dominar o jogo e o Porto a tentar sair, mas sem sucesso.

Nos últimos dez minutos o Porto passou a disputar o jogo no campo todo, e ganhou algum ascendente com isso, mesmo que não tivesse tirado daí grande coisa. O melhor que teve foi um remate de Herrera, muito bem defendido pelo Varela, mas já depois do lance estar invalidado, por um fora de jogo anterior.

Na segunda parte a história do jogo é outra. O Benfica até voltou a entrar melhor, mas foi sol de pouca dura. O Porto consolidou a alteração do plano de jogo - curiosamente é a substituição do Sérgio Oliveira pelo Octávio que dá expressão a essa alteração - e passou a disputar a bola sempre com grande pressão e intensidade. Foi meia hora de claro domínio portista, com o Benfica a ceder fisicamente e a perder quase todos os duelos.

As substituições de Pizzi, por Samaris, e de Cervi - também poderia ter sido Salvio - por Zivkovic foram eficazes, vieram foi tarde de mais. À entrada do último quarto de hora parecia que o Benfica tinha virado o jogo. Houve ali um período, logo a seguir à entrada de Zivkovic, em que voltou a ter bola, a dividir o jogo e a incomodar a defesa portista. Só que pouco depois, a 10 minutos dos 90, o árbitro Jorge de Sousa expulsou o sérvio, cinco minutos depois de ter entrado, e acabou com a reacção do Benfica. 

A expulsão, com dois amarelos em dois ou três minutos - o primeiro por se colocar à frente da bola na cobrança de um livre, e o segundo por agarrar um adversário, o quesilento Octávio -, pode até aceitar-se, o que não se aceita é a dualidade de critérios. Felipe, o central do Porto que deve estar abrangido por um protocolo qualquer que o torna impune, aos 10 minutos já não deveria estar em campo. Primeiro, uma entrada violenta por trás sobre Jonas ... e nada. Logo a seguir agarrou o mesmo Jonas, que lhe fugia para o ataque. E nada, de novo!

Com 10 (mais 4 de compensação) minutos pela frente, e a jogar com dez, o Benfica foi encostado lá atrás. Foi então tempo de sofrer, e de ter alguma sorte nas duas perdidas flagrantes do Marega. É claro que um jogador de outra categoria não falharia aquelas duas bolas, mas não se pode ter tudo. Se tivesse a capacidade técnica para marcar aquelas bolas, com a força e a velocidade que tem, era um jogador de nível mundial. E toda a gente vê que não é.

Para além da dualidade de critérios em matéria disciplinar, a arbitragem de Jorge de Sousa teve outra falha: assinalou, mal, um fora de jogo ao Porto. Daí resultou uma grande defesa do Varela - que fantástica exibição! - já com o jogo parado. E depois dessa defesa, uma recarga que levou a bola para a baliza. O Porto fala em golo anulado. E em penaltis. Mas isso não é novidade, é o costume ... 

 

 

26
Nov17

Soube bem. Sabe bem!

Eduardo Louro

Benfica-V. Setúbal, 6-0 (destaques)

 

Ninguém certamente esperaria que o Benfica voltasse hoje às grandes exibições e às goleadas das antigas. Mas, como se diz em futebolês, "o futebol é isto mesmo".

Isto, hoje, foi isto mesmo. Foi a habitual entrada forte, e o habitual golo madrugador, desta vez por Luisão. O que não é muito habitual. Também fugiu do habitual que a equipa se mativesse ligada ao jogo depois do primeiro golo. Nem sempre jogando bem, é certo, Mas ligada.

O segundo golo, o golo 100 de Jonas pelo Benfica, também na sequência de um dos muitos cantos de que a equipa usufruiu, libertou finalmente os jogadores. E, libertos, foram outros. Ou melhor, passaram a ser o que já foram num passado não muito distante.

A segunda parte teve períodos de grande brilhantismo, que já na primeira se tinham começado a desenhar. Logo a abrir, uma grande jogada de futebol. Não deu golo. Mas deu outra, logo no minuto seguinte. Como deram, e não deram, outras que se sucederam a um ritmo impressionante.

Nunca se poderá dizer que a expulsão de lateral esquerdo do Vitória de Setúbal, no final da primeira parte, - com um primeiro amarelo por protestar uma falta que de facto não tinha cometido, e um segundo "arrancado" pelo Luisão, e nessa medida porventura mal expulso - não teve qualquer influência no que foi o jogo. Mas também não se poderá dizer o contrário. O contra factual nunca se pode provar.

Por isso, o que fica, e sem mácula, é uma bela exibição do Benfica. Com seis golos, que poderiam ter sido muitos mais. E disso, não estávamos à espera. E as boas coisas sabem muito melhor quando surgem de surpresa!

Ver o jovem Luisão a jogar assim, ver Pizzi e Grimaldo de regresso, ou confirmar que Zivkovic continua com tudo no sítio, sabe muito bem. Ver que Varela se manteve na equipa, sabe bem quando testamos o paladar da liderança e de gestão do grupo. E ver tudo isto, e esta exibição individual e colectiva do Benfica, sabe muito bem nesta altura do campeonato, a cinco dias da visita ao Dragão.

É verdade. Tenho a boca doce. E não é só porque tive por cá os melhores doces do mundo nestes útimos dias... 

 

06
Nov17

Nada como dantes!

Eduardo Louro

 

 

Nada como dantes. O Benfica surgiu em Guimarães, para um jogo decisivo, completamente diferente daquilo que tem sido nos últimos largos tempos. 

Tacticamente diferente, com um 4x3x3 que há muito não se via. O Benfica, especialmente nos jogos da Champions, com o Manchester United, tinha já abandonado o 4x4x2 herdado de Jorge Jesus - que Rui Vitória tivera de recuperar logo no arranque da sua primeira época, quando as coisas também não estavam a correr bem - e passado a jogar em 4x3x3. Só que esse era um 4x3x3 de tracção traseira, era um modelo táctico montado para introduzir mais uma peça no meio campo com os olhos postos no reforço da consistência defensiva.

O que hoje apareceu em Guimarães foi o mesmo modelo mas virado para a frente. Com os olhos postos na baliza contrária, montado para atacar, não para defender. E aquilo que era um jogo previsível, com a bola invariavelmente a morrer na meia lua dos adversários, que já todos sabiam como anular, deu lugar a um jogo com mais espaços e muito mais intensidade.

O golo, o 13º de Jonas, voltou a surgir cedo - assinalava o relógio 21 minutos mas, de jogo, por força da interrupção logo aos 4 minutos por desacatos numa das bancadas vimaranenses, pouco mais de dez. E não produziu os efeitos habituais, de desligar a equipa, que esteve sempre por cima durante toda a primeira parte. Criou mais duas oportunidades de golo, sem que o Vitória fizesse sequer um remate à baliza de Svilar.

Na segunda parte o Vitória subiu linhas, aumentou a agressividade na disputa da bola e praticamente abdicou do meio campo para se entregar ao jogo directo. Foi assim praticamente durante toda a primeira meia hora, com mais bola, mais intensidade, mas pouco mais. À entrada do último quarto de hora o Benfica pôs fim a esse estado de coisas, com dois golos em três minutos.

Com o jogo fechado e completamente dominado, a 4 minutos dos 90, reapareceu o Benfica desconcentrado - provavelmente pela indefinição que as duas últimas substituições introduziram na equipa - que permitiu ao Vitória marcar um golo e desperdiçar ainda uma grande penalidade.

Foram meia dúzia de minutos que retiraram brilho e expressão a uma grande vitória num jogo que o Benfica não podia deixar de ganhar. E que esperemos não tenham consequência na retoma que se deseja, e que agora parece começar a ganhar sustentação. Mesmo com esse apagão final, neste jogo nada foi como dantes!

 

02
Out17

Fim da linha

Eduardo Louro

 

 

Em dia de eleições, o Benfica voltou a perder posições na candidatura ao título. Voltou a mostrar que, assim, é um candidato perdedor, sem condições para ganhar.

Depois de um jogo bem conseguido com o Paços de Ferreria, com uma primeira parte muito prometedora - ainda não se tinha visto tão flagrante demonstração de superioridade, a primeira meia hora foi a coisa mais avassaladora que viu num jogo de futebol - o desastre de Basileia voltara a devolver o Benfica às trevas. Não podia ser maior a expectativa para esta deslocação à Madeira, para defrontar o Marítimo, em dia de eleições.

A constituição da equipa alimentava as maiores dúvidas. Ao repetir o onze de Basileia, Rui Vitória ou estava a dizer aos adeptos que tinha ficado satisfeito com o desempenho da equipa humilhada na Suíça, ou a dizer-lhes que é teimoso e que é ele quem manda, ou simplesmente a atirar a toalha ao chão.

Como Rui Vitória não está em condições de se armar em teimoso, nem de demonstrações de força. restam apenas as duas restantes hipóteses. Que vão dar ao mesmo. Dizer que estava satisfeito com o que a equipa de Basileia é assinar a sentença da sua própria morte. Atirar a toalha ao chão é apenas um eufemismo dessa morte...

O jogo confirmou isso mesmo. Rui Vitória não sabe o que fazer, e como não sabe, não faz nada. Deixa andar... Sabe-se que a equipa joga até marcar um golo. Aí chegada, acabou. Não consegue mais continuar no mesmo ritimo à procura do segundo, nem consegue controlar o jogo para lhe definir ritmos. Nem consegue manter o ataque ao adversário, nem consegue mandar no jogo. Perde-se, pura e simplesmente.

E desta vez o golo surgiu no decurso do segundo minuto do jogo... A equipa durou dois minutos. Se isto não é o fim da linha...

17
Set17

É oficial: há fantasmas!

Eduardo Louro

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É oficial: os fantasmas existem, e estão aí!

Aquilo que entre nós, benfiquistas, vínhamos dizendo baixinho de uns para outros, está confirmado.  A política de vender depressa tudo o que desponta no (falso) pressuposto que a qualidade da equipa se mantém, deixou de ser estratégia para ser sobranceria.

A factura do desinvestimento na equipa estava á vista. Hoje, no Bessa, foi apresentada a pagamento.

E, no entanto, quem assistiu à primeira parte deste jogo com o Boavista - a quem, recorde-se, na época passada, o Benfica não conseguiu ganhar, perdendo 5 dos 6 pontos em disputa - chegou a acreditar que os jogadores disfarçariam a crise por mais uns dias.

O Benfica entrou forte no jogo, a jogar com velocidade e com determinação, e sem falhar passes como vinha falhando nos últimos jogos. A forma como o Boavista se dispôs em campo também ajudou. Ao contrário dos últimos adversários, o Boavista não encolheu o campo, espalhou-se pelo campo todo, dando profundidade ao jogo, deixando espaço para jogar, mesmo que disputasse a bola em todas as zonas do rectângulo.

O Benfica dava-se bem com estas condições e tomou por completo o controlo do jogo. Marcou cedo, logo aos 7 minutos, e salvo o período de meia dúzia de minutos que se seguiu ao golo, em que o jogo atabalhoou um bocadinho, permitindo ao Boavista chegar perto da baliza em três ou quatro livres consecutivos, na sequência de outras tantas desnecessárias faltas a meio campo, esteve sempre a mandar no jogo, e a criar oportunidades de golo, umas atrás das outras.

Quando ao minuto 45, nem mais um segundo, interrompendo uma promissora jogada de ataque, já em cima da área do Boavista, em mais uma das subtilezas das suas arbitragens, Artur Soares Dias apitou para o fim da primeira parte, o Benfica já devia três ou quatro golos ao jogo. O Boavista não tinha feito um remate à baliza, e tinha-se limitado a correr atrás da bola (70% de posse de bola para o tetracampeão). 

Tão pouco, que custava a crer que o escasso 1-0 fizesse perigar o resultado na segunda parte. Quando parecia que o Benfica regressava bem, com o mesmo espírito da primeira parte, começamos a ver fantasmas a descer sobre o relvado do Bessa.

O primeiro a pisar a relva foi o das lesões. Foi de imediato direitinho a Sálvio. Tenebroso: porque Sálvio é hoje insubstituível, porque é mais uma lesão, e porque é mais uma lesão de Sálvio.

Logo a seguir, ia a segunda parte com apenas 5 minutos:chega o fantasma da defesa. Um lançamento da linha lateral, daqueles à Benfica, como que a provar do próprio veneno, e lá estava o fantasma a impedir qua bola fosse afastada, empurrando-a para uma carambola que daria em golo. O fantasma da defesa tem transformado carambolas em golos em todos os últimos jogos.

O terceiro fantasma demorou mais tempo a chegar. Talvez porque ser o que estava há mais tempo à espera, com menos ritmo de jogo. O tão anunciado fantasma do guarda-redes acabou por chegar quando já quase ninguém acreditava nele.Tudo começou com mais umas subtilezas de Soares Dias, que começou por marcar mais uma daquelas muitas faltas inexistentes que assinala contra o Benfica em zonas tidas por negligenciáveis. Depois posicionou a barreira do Benfica mais de um metro para além da linha dos nove metros e quinze, como se viu na transmissão televisiva, mas não se voltará ver mais. No fim, o inexplicável frango de Varela. Sem o qual as subtlezas de Soares Dias - que no fim concedeu 6 minutos  de compensação, mas também deu o apito final ao minuto 96, com metade desse tempo passado numa substituição e em assistências médicas - não seriam mais que isso mesmo.

Terminado o jogo, não terminou a dança dos fantasmas. Dantesca, a adensar-ser a cada ponto que engrossa a distância para os da frente... Ou a cada golo de um certo rapaz com uma certa proveniência, onde só houve olhos para  outro, na pressa de atempadamente substituir o Nelson Semedo que havia pressa em vender... 

Dirão que não é a primeira vez por que passamos tempos destes. Pois... O diabo é que não se pode abusar da História. Menos ainda quando é recente... Não tem estaleca para aguentar!  

 

09
Set17

Finalmente uma reviravolta

Eduardo Louro

 

Foi um Benfica complicativo, que começou por prometer, com jogadas bem desenhadas como forma de penetrar na defesa bem fechada do Portimonense.

O problema foi que começaram a tornar-se cada vez mais raras, e o Benfica passou a encontrar cada vez mais dificuldades em entrar no meio das duas linhas defensivas, muito juntas, que o Portimonense foi reforçando à medida que, ia apostando em descidas rápidas, sempre através de um miúdo japonês que parece ter muito futebol.

A primeira parte não foi muito mais que isto. E isto foi pouco para ganhar o jogo.

A segunda foi muito mais que isso. Mas não foi melhor, mesmo que Rui Vitória tenha tentado outras opções. Desde logo com a troca de Cervi, claramente longe do seu melhor, por Salvio. Que deu bem mais ao jogo!

O Benfica continuou a falhar passes, muitos deles comprometedores, e o jogo não fluía. Até que o Portimonense fez o golo, apenas 10 minutos depois do reatamento.

Se as coisas estavam difíceis, mais ficaram. Sabe-se que as reviravoltas andam há muito afastadas da história dos jogos do Benfica. Valeu que o empate demorou menos de 5 minutos, num penalti que deu também em expulsão para o autor da falta.

Rui Vitória voltou a ver bem, com as entradas de Filipe Augusto - com a saída de Lizandro e recuo de Samaris, que a partir daí pareceu que andava à procura do autogolo – e de Raul, com a saída de Eliseu. Viu bem, mas as coisas não saíram bem. A ideia era boa, mas na prática não funcionou.

A reviravolta no resultado, essa coisa de que os benfiquistas estavam desabituados, surgiu a 10 minutos dos 90, num golão de André Almeida. Pensou-se que, com esse golo, e com o adversário com menos um e previsivelmente a adiantar-se no terreno, a tranquilidade voltaria à equipa e mais golos viriam.

Nada disso. Esses últimos 10 minutos foram tenebrosos, com a Luz de coração nas mãos. E o Portimonense fez aquilo que já se esperava: o golo do empate, aos 88 minutos.

Valeu que o jogador do Portimonense estava em fora de jogo. Que, se o árbitro assistente não viu, o vídeo-árbitro teria de ver. Mas também já no primeiro golo não tinha visto que fora precedido de falta sobre um jogador do Benfica.

Mas desta vez viu. E a Luz suspirou de alívio.

Mais que as muitas incidências de um jogo muito complicado, e pouco auspicioso para o que aí vem, fica a certeza que o futebol do Benfica exige aos jogadores o pleno da inspiração. Com um ou dois jogadores desinspirados, e mais um ou outro a quem as coisas não corram pelo melhor, está a tornar-se fácil aos adversários encontrarem o antídoto.

 

27
Ago17

Eclipse (quase) total

Eduardo Louro

 

O Benfica perdeu hoje em Vila do Conde os primeiros pontos no campeonato, na pior exibição da época.

O jogo correu mal, e começou muito cedo a correr mal, com a lesão de Jardel logo no início da partida. É mais uma lesão e, pior, é mais uma lesão do azarado central do Benfica, agora que era evidente o seu regresso à normalidade. À condição de grande esteio da defesa.

O Rio Ave jogou bem e criou muitas dificuldades, com que o Benfica nunca soube lidar. Muito interessante o jogo dos vilacondenses, a sair a construir muito de trás, muitas vezes correndo riscos que os tetracampeões, estranhamente, não souberam aproveitar.

Cmecemos por aí. O Benfica, que está rotinado a fazer pressão sobre o adversário logo à saída da área, falhou sempre essa pressão. Quando o fez, fê-lo de forma desgarrada, com os dois avançados a chegarem sempre tarde à bola, e os outros sempre muito atrás, a permitirem a superioridade numérica dos jogadores do Rio Ave, que lhes permitia trocar a bola lá atrás e sair com todo o à vontade. Até parecia o Barcelona!

A partir daí, da primeira fase de construção, o Rio Ave partia para um posicionamento muito subido que lhe permitia encurtar o campo, e reduzir o espaço de disputa da bola. Aí, nessa estreita faixa do campo para onde o Rio Ave levou o jogo, sobressaiu a maior agressividade dos seus jogadores e, surpreendentemente, a sua capacidade técnica. Mérito, muito mérito dos jogadores e do desconhecido treinador do Rio Ave.

A primeira parte foi sempre assim, e o Rio Ave foi quase sempre melhor, empurrando o Benfica para a sua pior exibição da época. Eliseu, acusando a pressão a que esteve sujeito ao longo de toda a semana, jogava sobre brasas. Pizzi, não dispunha nem de tempo nem de espaço para pegar no jogo. Rafa, estava lá, no lugar de Salvio, mas não se via. E Cervi não fazia melhor. Seferovic, quando aparecia, estava em fora de jogo. Só Jonas, mas Jonas não joga sozinho.

A segunda parte tinha de ser diferente. As coisas não poderiam continuar assim.

E foi. Foi diferente, mas não tão diferente quanto era necessário que tivesse sido. Quando se começava a ver que o jogo já tinha mais campo, e que o Benfica estava melhor, surgiu o golo do Rio Ave, numa jogada muito bem desenhada, como tantas outras, mas de pura infelicidade para a defesa benfiquista: cruzamento para a área, a bola enrolou nas pernas de Luisão e dificultou o que seria uma recolha fácil de Varela, que a soltou para bater nas pernas de Lisandro e tomar o caminho da baliza.

Não durou muito a vantagem do Rio Ave. Seis minutos depois, o vídeo-árbitro viu finalmente um penalti a favor do Benfica, provavelmente o menos vísível de tantos que nunca tinha visto, e Jonas empatou o jogo. Faltava meia hora, e acreditava-se na reviravolta. Que não aconteceu - já não me lembro do último jogo que o Benfica tenha ganho depois estar a perder, deve ter sido há muito tempo - porque o guarda-redes do Rio Ave é um C(l)ássi(c)o milagreiro. Das quatro ou cinco oportunidades que o Benfica criou na última meia-hora, Cássio anulou três quando já se gritava golo.

Mesmo assim não me parece que o pior do jogo tenha sido o resultado. Houve coisas bem piores. Como a lesão de Jardel e a flagrante incapacidade da equipa na primeira parte. Ou a fraca resposta dos alas, os tais do excesso que até dá para deitar fora. Sem Salvio, Cervi apagou-se. E no lugar do lesionado argentino não resultaram nem Rafa, nem Zivkovic.   

20
Ago17

Futebol gourmet

Eduardo Louro

 

Jogo fantástico na Luz, com mais de 60 mil, sempre em festa. Mais um grande jogo do Benfica!

Poderia dizer-se que com os cinco golos macados, e todos fantásticos, mais quatro bolas nos postes (Jonas - deveria ser crime, aquela bola não acabar bem anichadinha nas redes -, Luisão, Cervi e Jimenez)  mais três ou quatro grandes defesas do guarda-redes do Belenenses, e ainda mais outros tantos lances de golo em que a bola não quis entrar, estava tudo dito. Mas não está. Longe disso!

Há muito mais para dizer deste jogo fantástico a que hoje assistimos na Luz. Porque o futebol apresentado pelo Benfica foi de alto requinte. Se há futebol gourmet, é este. Juntar uma grande exibição colectiva  a 11 extraordinárias exibições individuais, não é coisa a que estejamos habituados. E só pode ser gourmet

E hoje tem que se falar de exibições individuais. Não para falar de Jonas ou de Pizzi, porque esses já não são capazes de nos surpreender. Deles esperamos sempre o melhor, e eles nunca nos desiludem: dão-nos sempre o melhor. Nem de Salvio, em grande. Não é justo que a lesão de hoje venha interromper este grande momento que atravessa. Nem de Cervi. Nem de Luisão, o capitão que está sempre lá. Que não envelhece, apenas amadurece. E que apresenta hoje uma qualidade nunca antes vista. É para falar de Jardel, que já não deixa dúvidas que regressou ao que era há dois anos. De Varela, que fez muito bem o pouco que teve para fazer, e que faz de Ederson cada vez melhor. E sabe-se como isso é importante. E de Filipe Augusto, que hoje se estreou como titular, em substituição do insubstituível Fejsa, e fez simplesmente um jogão.

Poderá sempre dizer-se que o Benfica marcou no primeiro minuto, e que fez o segundo golo na segunda oportunidade. Claro que dá mais tranquilidade à equipa marcar primeiro e desperdiçar depois, como foi hoje o caso. Aconteceu o contrário no último jogo, em Chaves, onde foi de desperdício em desperdício até marcar, já no fim. E no entanto também já aí a qualidade da exibição foi bem alta. 

É isso. A qualidade do futebol que o Benfica apresenta vai muito para além desses circunstancialismos. O futebol gourmet, o futebol perfumado - como se dizia antigamente - faz parte do genes deste Benfica.

 

 

 

15
Ago17

Resultado pequeno em vitória grande

Eduardo Louro

Resultado de imagem para chaves benfica

 

Curta, mas grande, esta vitória do Benfica em Chaves. E limpa e justíssima, em mais uma boa exibição. Muito boa, mesmo!

Na primeira parte foi um grande jogo, intenso e bem jogado, com o Chaves a dar a sua contribuição para um espectáculo de grande nível. A equipa agora orientada por Luís Castro soube sempre responder à boia exibição do campeão, com uma boa organização defensiva e sempre pronta a sair para o contra-ataque com grande velocidade e excelente movimentação, com rápidas e bem trabalhadas trocas de bola. Foi bonito de ver.

O Benfica fez o que lhe competia fazer – tomar conta do jogo, mandar nele, impondo um ritmo elevado e apresentando o seu futebol, sempre muito variado na procura de soluções. Criou três boas oportunidades para marcar, mas o golo nunca apareceu. Numa, a bola ficou-se pelo poste, noutra foi o Nuno André Coelho – grande exibição na primeira parte – a sacudi-la em carrinho quando ia mesmo a entrar, e noutra foi o guarda-redes Ricardo, regressado ao activo e a confirmar a sua especial apetência para brilhar nos jogos com o Benfica, a negar o golo.

A segunda parte foi bem diferente. O Chaves abdicou de jogar à bola, e optou declaradamente pelo anti-jogo, apenas preocupado em quebrar o ritmo do jogo, com a complacência – mais do que isso, com o momento que escolheu para voltar a interromper o jogo para que os jogadores se refrescassem – do árbitro Jorge de Sousa. Os jogadores do Chaves, que tão bem tinham mostrado que sabiam jogar à bola, preocupavam-se apenas com chutão para o ar. A relva só lhes servia para se deitarem.

O Benfica procurava o golo de todas as maneiras, mas havia sempre mais uma perna a pôr-se á frente da bola. E quando conseguia desenvencilhar-se das vinte pernas que estavam ali à frente da baliza, lá estava o Ricardo. E assim se foram passando os minutos perante o desespero dos adeptos, que nunca passou para os jogadores. Esgotados os noventa, Jorge de Sousa deu 6 minutos de compensação. Coisa pouca para cinco substituições, para a tal paragem para refrescamento e para as assistências médicas aos jogadores do Chaves, mas suficiente para o Benfica chegar finalmente ao golo, numa jogada que é a prova provada que a equipa não estava desesperada. Em vez de bombear bolas para a área adversária o Benfica continuava a desenvolver o seu futebol de variação de soluções. E foi assim que, aos 92 minutos, Rafa foi à linha pegar a bola para a cruzar, de primeira, rasteiro, para Sferovic fazer o golo com um desvio subtil, em antecipação ao guarda-redes, vinte e tal remates e para aí uma dezena de oportunidades depois.

Curiosamente, nesta segunda jornada, o Benfica repetiu o resultado dos outros dois candidatos. Só que sem peripécias, para não lhes chamar outras coisas.

10
Ago17

Campeão à campeão

Eduardo Louro

 

 

Estádio da Luz cheio que nem um ovo, como já é costume. Colo, colinho, muito colinho no arranque de mais um campeonato, que poderá ser o 37. O penta, que hoje começou a nascer no imaginário benfiquista.

Festa na Catedral, de novo. Uma festa que os benfiquistas não querem largar. A supertaça ainda nem pó apanhou, e a pré-época já lá vai. Já ninguém se lembra dela, nem das nuvens que pareciam ameaçadoras.

O adversário era de respeito, e tinha feito voz grossa, de ameaça, talvez para disfarçar o medo. O Braga, mesmo sem ganhar na Luz (para o campeonato) há largas dezenas de anos, é sempre um adversário complicado para o Benfica. E o primeiro jogo é sempre especial, tem sempre qualquer coisa de incerteza e, muitas vezes, alguns fantasmas.

Na primeira parte houve algumas semelhanças com o jogo da supertaça de sábado passado, com o Vitória de Guimarães. Também dois golos, também pela dupla Sferovic/Jonas, e também praticamente nas duas primeiras oportunidades. Desta vez mais espaçados, e mais tardios. O primeiro, pelo avançado suíço, ao findar o primeiro quarto de hora, e o segundo, por Jonas, que igualou Magnusson, com 87 golos, à meia hora de jogo. Para que as semelhanças não ficassem por aqui, o Braga reduziu para 2-1 mesmo em cima do intervalo, na segunda vez que chegou à baliza do Benfica.

O mesmo de sempre. Um golo naquelas condições, mesmo à saída para as cabinas, mais do que deixar o resultado em aberto, deixa sempre no ar a possibilidade de uma reviravolta no jogo. E essa ameaça até chegou por momentos a ganhar forma, quando o Braga introduziu a bola pela segunda vez na baliza de Varela. Mas em fora de jogo, não contou. Confirmou o vídeo-árbitro, que só não confirma os penaltis a favor do Benfica. Ficou mais um por marcar…

Mas o que se viu foi outra coisa. O que se viu foi um Benfica ainda melhor, com períodos de grande brilhantismo, com suculentos nacos de bom futebol entremeados numa fantástica dinâmica de controlo do jogo. O que se viu foi que o campeão voltou, mesmo sem nunca ter ido embora. O 3-1 – Salvio fez o terceiro a mais de meia hora do final - soube a pouco para tanto futebol.

Os jogadores do Braga correram muito, especialmente atrás da bola. E das canelas – canelas, calcanhares, pernas e até cabeças – dos jogadores do Benfica. Que o digam Cervi, Sferovic, Jonas ou Eliseu. A correr assim – e sabemos que assim não será – o Braga vai dificultar muito a vida aos adversários. Mas, a bater assim, contra outros adversários, corre sérios riscos de nunca acabar com 11 jogadores em campo. É que, o que lhes perdoam contra o Benfica, não lhe perdoam em nenhum outro jogo.

No fim fica a festa, que seria ainda maior se o miúdo Diogo Gonçalves, que entrara para substituir o Cervi a dez minutos do fim, tem feito aquele quarto golo que teve nos pés. E a certeza que o campeão está vivo!

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