Nunca direi nada disso...
No epicentro do terramoto que tomou conta da segunda circular está agora Marco Silva. Porque, empurrado em Alvalade para a porta pequena, acaba por sair pela maior que por lá está. Uma porta tão grande que deixa ver tudo lá para dentro. Deixa ver o carácter de muita gente, em especial daqueles que, depois oito ou nove meses de perseguições e rasteiras, não hesitaram em humilhar o treinador que a tudo resistiu, e a tudo respondeu com enorme senso e profissionalismo, com um miserável processo disciplinar.
Mas também porque, como já toda a gente percebeu, passou a ser uma séria opção para o Benfica. Luís Filipe Vieira, num cenário – de compromisso ou não – em que Jorge Jesus seguia a sua vida em França, tinha tudo, ou se calhar mais ainda, apontado para Rui Vitória. Com Jorge Jesus a assinar com o Sporting – independentemente da (falta de) lisura com que fez tudo – tudo se altera. O que era a (correcta) posição de Luís Filipe Vieira de não afrontar o velho rival deixou de ter razão de ser. Com Marco Silva na rua, e livre, não há razão nenhuma para que não seja uma opção alternativa, ou concorrente, com a de Rui Vitória. Antes pelo contrário. Mesmo sem atitudes revanchistas, que essas nem são próprias dos verdadeiramente grandes nem levam a lado nenhum.
Por isso não acho piada nenhuma às reacções do João Gabriel. Não acho graça nenhuma à ideia peregrina, que passou pela cabeça de alguém da Megastore, de retirar Jorge Jesus da fotografia do título.
Nem irei dizer, apesar de disso estar profundamente convencido, que o Bruno de Carvalho é definitivamente o Vale Azevedo do Sporting. Nem que as relações com Jorge Jesus resistam muito mais que um par de meses. E que ambos têm boas razões para desconfiar um do outro: nem é preciso que olhem para as costas de ninguém, basta-lhes olharem-se um ao outro…
Não. Nunca direi nada disso... E nunca, para nunca ser, crucificarei Jesus!