“Dar os parabéns à Académica, que criou as melhores oportunidades e foi um justo vencedor”!

Estas palavras não são minhas, são de Sá Pinto, na conferência de imprensa no fim do jogo. Que me levam a dar-lhe os parabéns, pelo desportivismo que até há pouco tempo ninguém julgaria possível numa personagem que seria exemplo de muito coisa menos de fair play!

Sá Pinto tem revelado, na hora da derrota, uma lucidez e uma dignidade que infelizmente não é comum. Vindo de quem vem, de quem era tido quase como um arruaceiro, só tem de ser ainda mais valorizado e só pode funcionar como um exemplo que gostaria de ver fazer escola. A Académica ganhou a sua segunda Taça de Portugal, 73 anos depois da primeira, que foi mesmo a primeira de todas. E ganhou bem, como refere o treinador do Sporting!

Que me perdoem todos os conimbricenses em festa mas, para mim, o mais importante foi mesmo a atitude do Sá Pinto. Só por isso diria que ainda bem que foi o Sporting a estar hoje no Jamor, e não o Nacional, não fosse o árbitro da final da Champions de ontem...

Esta Taça tem sem dúvida mais encanto!

Tem de se dizer isto, e já, antes e para além do desfecho favorável ou desfavorável nas competições em que apostaram tudo: Sá Pinto, no Sporting Clube de Portugal, Leonardo Jardim, no Sporting de Braga, e Pedro Martins, no Marítimo, são três casos evidentes e indiscutíveis de mérito e valor, liderança e espírito de conquista. Infelizmente, pelo menos nesta época, não se pode dizer nada o mesmo de Jorge Jesus e sobretudo de Vítor Pereira. Bem podem os respectivos clubes trocar de cromos, logo que possível.

O que é que acabamos de ver esta noite, no estádio milionário dos manchesterianos-citadinos? Um dos mais belos actos 'carteiristas' de sempre. O SCP furtou uns trocos ao sheik em pleno relvado. Vulgarizou, a espaços, os multi-mega-ultramilionários e presunçosos ingleses. Brilhante. Uma vontade indomável. Todos estiveram perfeitos: Matías, Izma. Xandão! Contra mim falo, que não augurava nada de especial ao técnico que sucedeu a Domingos daquela forma, com odor a cilada oportunística: Sá Pinto, apaixonado e dedicado como é pelo seu Sporting, contagia os seus jogadores de amor pelo clube, de auto-sacrifício e daquele coeso sentido colectivo. Lidera pelo exemplo. Com ele, o Sporting flácido aprende a ser bloco. Repito: contra mim falo. O resultado está à vista. Este clube, até aqui fluido e bruxuleante, ou sobrevive ou sobrevive. Pelo sucesso.