Um grande derbi. O resto, é o costume...
O derbi eterno não foi nada do que se perspectivava: nenhuma das equipas se mostrou afectada pelo passado recente. Nem o Benfica deu qualquer sinal de desestabilização pelas duas derrotas consecutivas, e em especial pela derrota e pela exibição no último jogo, com o Nápoles, nem o Sporting se mostrou afectado pela derrota na Polónia e pela eliminação das competições europeias. Nem deixou perceber qualquer desgaste físico, nem se percebeu que houvesse ninguém engripado. Talvez por isso se não perspectivasse um jogo de tão alto nível.
A primeira parte foi mesmo do que melhor se tem visto num jogo de futebol. E nesse período o Benfica foi melhor. Saiu para o intervalo por cima no marcador - com um golo que nasce em Gonçalo Guedes (mesmo que carregado por um adversário que o deixou no chão, a torcer-se com dores), e acaba num passe fabuloso do Rafa (a novidade na equipa) para uma entrada fantástica de Sálvio - porque também tinha estado por cima no jogo. Com melhor futebol, mas acima de tudo muito mais limpo: nesse período os jogadores do Sporting paravam sistematicamente os do Benfica em falta. Muitas delas, o árbitro – Jorge de Sousa – deixava por assinalar. E as que assinalava deixava por punir disciplinarmente, quer pela sequência (William Carvalho e Zieglar, pelo menos), quer pela natureza (Ziegler, ainda).
E já que se fala do árbitro – que Jorge Jesus, como é habitual responsabilizou pela derrota, voltando a um filão que não quer abandonar, e de que outros tão bons dividendos estão já a tirar – não se pode deixar de referir aquela jogada que anulou, com lançamento de bola ao solo, quando o Gonçalo Guedes seguia isolado para a baliza do Rui Patrício, por haver uns papeis no campo. Coisa que não faria, na segunda parte, quando o mesmo sucedeu num ataque do Sporting. E porque o Sporting fala de dois penaltis a seu favor terá de dizer-se que, um, uma bola cortada com o ombro pelo Nelson Semedo, é rigorosamente igual a outro, na área do Sporting, praticado pelo Coates. Ambos na primeira parte e legais, evidentemente. O outro no início da jogada do primeiro golo do Benfica, quando o Lindelof corta a bola contra o braço de Pizzi, em movimento de saída da área, faz parte da construção do filão que o Sporting quer explorar.
Fechado este parêntesis sobre a arbitragem, que nos erros que cometeu prejudicou o Benfica, voltemos ao futebol, que continuou a bom nível. Com o Sporting a entrar para a segunda parte com Campbel, no lugar do fraquinho Bruno César, a desequilibrar mais que o Gelson, do outro lado. A uma bola do Sporting no poste, respondeu o Benfica, com mais uma grande jogada de futebol, a dar no segundo golo, pelo Raul Gimenez.
A reacção do Sporting só deu um golo, ia ainda a segunda parte a meio.
No fim fica um bom jogo, a reposição dos 5 pontos de vantagem, e a vitória moral de Jorge Jesus. As ususal… Fica a convicção de Rui Vitória que, contra tudo e contra todos, manteve Luisão na equipa. E Sálvio. E o meio campo. E fica, esperemos, o regresso do Benfica à sua normalidade competitiva: o regresso da confiança, das boas exibições e das vitórias.