Um jogo de paradoxos
O Benfica teve hoje, em Coimbra, o jogo mais tranquilo do campeonato, e porventura o mais fácil, contrariamente, depois do afastamento das competições europeias, ao que se poderia esperar. Ganhou tranquilamente, criou inúmeras oportunidades para golo e não consentiu uma única à Académica. E no entanto terá sido este jogo de Coimbra o que mais clara deixou a enorme diferença de qualidade entre esta equipa e a da época passada!
Passo a explicar. Na primeira metade – agora deu nisto, só dá para meias partes – da primeira parte, ou mesmo até perto da meia hora de jogo, o Benfica jogou bem. A equipa esteve a bom nível, criou imensas oportunidades de golo, mas fez apenas um, logo aos 8 minutos, fruto da qualidade extra de dois jogadores excepcionais: Enzo, na assistência – um passe longo de grande exigência técnica – e Gaitan, soberbo na recepção, no domínio com a coxa, a passar pelo guarda-redes e a colocar a bola na baliza!
Depois, esgotada essa primeira meia hora, foi ver a equipa senhora do jogo, a querer jogar como na época passada, com tudo para ser igual mas sem que nada saísse igual. Porque falhava um passe, e depois outro e outro… Porque falhava uma recepção e a partir daí já não era a mesma coisa… Porque a bola ia lá parar, ao sítio certo. Só que ninguém lá estava, no sítio certo…
E isso foi sempre tão flagrante que nunca outro jogo evidenciara com tanta clareza a diferença entre os que partiram (e os que continuam indisponíveis, por lesões ou por outras insondáveis razões) e os que chegaram. Ou alguns dos que ficaram… Coisa que o sumiço que Talisca levou, o erro de casting de Samaris, a vulnerabilidade mental de Jardel (é hoje claro que não consegue manter os níveis de concentração exigidos durante muito tempo, numa, pequena que seja, sequência de jogos) ou o fim do prazo das promessas de Ola John ajudam, evidentemente, a explicar!